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CAPA

EDITORIAL (pag. 2)
João Ladislau Rosa, presidente do Cremesp


ENTREVISTA (pág. 3)
Geraldo Alckmin


CRISE (pág. 4)
O precário atendimento das UTIs neonatais


URGÊNCIA & EMERGÊNCIA (pág. 5)
Serviços hospitalares


ESPECIAL I (pág. 6)
Doação de órgãos


ESPECIAL II (pág.7)
Doação de órgãos


ESPECIAL III (pág. 8)
Doação de órgãos


ESPECIAL IV (pág. 9)
Doação de órgãos


EVENTOS (pág. 11)
Agenda dos conselheiros


ANUIDADE 2015 (pág. 12)
Valores da anuidade para PF e PJ


JOVENS MÉDICOS (pág. 13)
Preenchimento da DN


TESTAMENTO VITAL (pág. 14)
Encontro contou com palestrante português


BIOÉTICA (pág. 15)
Atendimento médico


GALERIA DE FOTOS



Edição 321 - 12/2014

ESPECIAL II (pág.7)

Doação de órgãos


(cont.)

PAULO MANUEL PÊGO FERNANDES

Quatro cirurgias em uma

 


"Taxa de mortalidade em transplante de pulmão é quase nula"


O laboratório de dissecação de filos de protozoários, anelídeos, artrópodes, entre outros, despertou a atenção do então estudante de 2º grau, Paulo Manuel Pêgo Fernandes, para uma área que ele realmente gostava: a cirurgia. “Foi aí que descobri minha vocação, antes mesmo de saber que gostava de Medicina”, lembra o agora professor titular da disciplina de Cirurgia Torácica do Instituto do Coração (Incor) do HC/FMUSP.

Já na FMUSP, em 1978, Fernandes participou de operações cardíacas experimentais, época em que o recém-inaugurado Incor realizava o procedimento apenas em animais. “Isso foi quando ele era conhecido como Instituto do Pericárdio, aquele que envolve o coração, mas não entra nele”, brinca.

No início dos anos 90, a partir do quarto transplante de pulmão no Incor, ele começou a participar das cirurgias, área em que continua até hoje. Segundo o cirurgião, o transplante de pulmão é uma operação complexa e, em geral, envolve pessoas com patologias graves, como enfisema, fibrose pulmonar, fibrose cística e hipertensão pulmonar, e que não respondem a outros tipos de tratamentos. “O quadro desses pacientes acaba se agravando em função do tempo de espera pelo órgão, deixando-os ainda mais fragilizados, do ponto de vista muscular e nutricional”, ressalta.

Na maioria das vezes, o transplante de pulmão é bilateral, o que implica quatro cirurgias em uma – sequenciais –, que duram em média 10 horas. “O processo inteiro, entretanto, pode levar até 24 horas, e é feito de forma sincronizada entre as equipes de captação e recepção do órgão”, explica Fernandes.

A taxa de mortalidade operatória em transplante de pulmão é quase nula, e a sobrevida, em um ano, fica em torno de 85%. Apesar disso, há muita espera por um transplante de pulmão no Brasil. “Para a demanda anual existente no País, que gira em torno de 2 mil pessoas, o número de transplantes ainda é muito pequeno”, avalia Fernandes. 

Para ele, embora as campanhas de doação tenham bons resultados, e a taxa de aceitação das famílias contatadas seja de 50%, para aumentar o número de captação de órgãos, é preciso conscientizar o médico a realizar o diagnóstico de morte cerebral. “Isso aumenta em até quatro vezes o número de doadores, diminuindo, e muito, a mortalidade de pessoas na fila de espera”, calcula (ver box).

À vocação descoberta no início da vida acadêmica, soma-se a ética profissional, que tem feito da prática de Fernandes como cirurgião um exercício de cidadania.
 


 

RENATO FERREIRA DA SILVA

Lado cinza


"Ausência de rotina e comprometimento com a especialidade
afastam os médicos jovens"


Depois de reabrir um hospital no interior da Bahia e de realizar 500 transplantes, entre fígado, pâncreas e intestino delgado, Renato Ferreira da Silva e sua equipe trabalham na chegada do transplante multivisceral ao Hospital de Base (HB) de São José do Rio Preto, em 2015. O projeto é realizado em convênio com o Hospital Jackson Memorial Medical Center.

Formado pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Renato Silva optou por dedicar os primeiros quatro anos de sua carreira como médico generalista, atendendo em um hospital sem recursos, em Ubaíra, uma pequena cidade da Bahia. Lá trabalhou com a esposa, Rita de Cássia Martins Alves da Silva, médica hepatologista, a quem conheceu ainda nos tempos de faculdade. Os dois trabalham juntos até hoje.

O casal decidiu reestruturar o hospital. “Senti o impacto de atuar como médico em uma comunidade”, diz. Atualmente a instituição possui até uma área de Neurologia, entre outras especialidades.

Passado esse período, o médico – que nasceu em uma família humilde na zona rural de Feira de Santana – fez Residência em Gastroenterologia na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e mestrado em cirurgia pela Unicamp. Seguiu para a Inglaterra, e lá concluiu doutorado em transplante.

Ao retornar, foi para São José do Rio Preto, motivado por um convite para montar o Setor de Transplantes de Fígado do Hospital de Base da cidade, projeto que ficou pronto em 1998. Para compor a equipe – que posteriormente lhe renderia prêmios e publicações científicas –, realizou intercâmbio entre colegas da Inglaterra e do Brasil.

Na visão de Silva, o contato com o médico que realiza transplantes é o momento de maior fragilidade na vida do paciente. “É preciso alertar sempre sobre os riscos de uma cirurgia”, diz. 

O cirurgião acredita que fazer transplante é vocação, uma prática que envolve Medicina e a Psicologia. “Justamente por mexer com as emoções de duas famílias – retiramos da morte de uma pessoa a vida de outra – é uma especialidade que nos coloca no devido lugar. Nós que realizamos transplantes, vivemos no lado cinza da vida, e isso é muito delicado.”

Na visão do médico, a ausência de rotina – a qualquer momento pode acontecer uma cirurgia de transplante – e a necessidade de um comprometimento forte com a especialidade tiram o interesse dos jovens médicos em seguir a carreira, além da má remuneração.

Silva diz que os desafios são enormes e que, a cada cirurgia que implica a perda de um paciente, pensa em parar de transplantar. “Essa é a realidade do médico, nós não somos Deus, mas são as cirurgias que dão certo que me fazem continuar”, diz.

 

 


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