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CAPA

EDITORIAL (pág. 2)
Bráulio Luna Filho - Presidente do Cremesp


ENTREVISTA (pág. 3)
Francisco Lotufo Neto


ANUIDADE 2016 (pág. 4)
PF pode obter desconto


INSTITUIÇÕES DE SAÚDE (pág. 5)
Centro de Referência DST-Aids


PESQUISA (Pág 6 e 7)
Violência no Trabalho


DEMOGRAFIA MÉDICA - (Pág 8 e 9)
Médicos no Brasil


TRABALHO DO MÉDICO (Pág. 10)
Exame do Cremesp


PLENÁRIA (Pág 11)
Temática - Cannabis


EU MÉDICO (Pág. 12)
Danny Lescher


JOVENS MÉDICOS (Pág. 13)
Greve


CONVOCAÇÕES (pág. 14)
Editais


BIOÉTICA - (pág. 15)
Imigração


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Edição 332 - 12/2015

INSTITUIÇÕES DE SAÚDE (pág. 5)

Centro de Referência DST-Aids



Adolescentes e jovens desafiam estatísticas da Aids


CRT realiza testes rápidos anti-HIV, incentivando o diagnóstico precoce

 

O Centro de Referência e Treinamento DST-Aids do Estado de São Paulo, conhecido pelo nome da rua onde atende (Santa Cruz), na Vila Mariana, foi criado em 1988 com a missão de coordenar a luta contra uma epidemia que já assustava o mundo. Naquele ano, o País registrava 4.535 casos da doença. Uma extensa lista de nomes de famosos e de desconhecidos começava a se juntar na galeria dos mortos pela Aids. Há notícias animadoras, como a queda de 10,9% nos óbitos entre 2003 e 2014. Mas quando se observa que o número de casos novos entre os jovens resiste em cair, vê-se que a Aids ainda tem muito terreno para crescer, especialmente entre as novas gerações. “Esses são os grandes desafios: sensibilizar os adolescentes e jovens, convencer as pes­soas a fazer o teste e trazer de volta aqueles que abandonaram o tratamento”, diz Maria Clara Gianna, coordenadora do Programa Estadual de DST-Aids. O outro desafio é reduzir o preconceito e a discriminação, que anulam todos os outros esforços, diz a médica.

Segundo os últimos dados do Ministério da Saúde (MS), de 1980 a junho de 2015, o Brasil registrou 798.366 casos da doença. Atualmente estima-se que sejam 734 mil pessoas vivendo com HIV e Aids; desses, 150 mil não sabem que estão com o vírus. No pico da epidemia, em 1995, o País teve cerca de 15 mil óbitos, contra 12.449 em 2014. O número caiu, a epidemia se tornou silenciosa, mas continua matando. “Só no Estado de São Paulo, são oito óbitos por dia, ou 2, 7 mil mortos a cada ano, o que é muito”, afirma Maria Clara.

A maioria dessas mortes se deve ao diagnóstico tardio da doença e ao abandono do tratamento. É surpreendente que isso ainda ocorra quase duas décadas após o “coquetel” ser disponibilizado na rede pública, e depois que as campanhas e postos de testagem se multiplicaram em todo o País, observa a médica.


Novo diálogo

Tão preocupante quanto o número de mortes que não cai, são os indicadores que apontam para um aumento da infecção entre os mais jovens. Segundo dados do Ministério da Saúde divulgados no início de dezembro, o número de casos novos entre jovens de 15 a 24 anos passou de 3,4 mil no ano de 2004 para 4,6 mil em 2014, crescimento de 35,3%.

Ironicamente, o cenário atual da epidemia, muito mais animador que 20 anos atrás, está levando a um relaxamento nos cuidados preventivos, sobretudo entre os mais jovens. A Aids não é mais vista como uma doença mortal, não há ídolos, nem nomes conhecidos morrendo pela doença. O doente de Aids ganhou sobrevida e melhor qualidade de vida. No entanto, o que é um alento para aqueles vivendo com HIV-Aids, tornou-se um entrave para a prevenção, já que a doença passou a ser vista como qualquer outra enfermidade crônica.

Nesse cenário, o papel do CRT-Aids se torna ainda mais desafiador. A coordenadora Maria Clara reconhece que é preciso encontrar outras formas de falar com os jovens, pois eles estão mudando, e a linguagem da prevenção permanece a mesma. “Não estamos sabendo dialogar com eles. As estratégias que ainda utilizamos não acompanharam as mudanças que acontecem nesses grupos. As campanhas de comunicação não podem se restringir a folders e folhetos”, diz. Ela defende uma combinação de várias estrategias, como o espaço da escola, a profilaxia pós-exposição (o uso de medicamentos assim que se constata que houve uma relação de risco), além, é claro, do uso do preservativo.



Referência para o mundo

O tratamento da Aids no Brasil virou referência para o mundo. Desde 1996, as drogas antirretrovirais são oferecidas na rede pública. Segundo o Ministério da Saúde, a rede de assistência voltada para a epidemia conta com 518 Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA), 712 serviços de Assistência Especializada (SAE) e 724 Unidades de Distribuição de Medicamentos (UDM). Gradativamente, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) estão sendo incorporadas na atenção aos pacientes vivendo com Aids e HIV. Só no Estado de São Paulo, são 130 CTAs, 580 leitos para esses pacientes e 200 ambulatórios especializados. São 65 unidades dispensadoras de medicamentos para Aids.

De acordo com o MS, essa estrutura e investimentos fazem do Brasil um dos países com mais chances de atingir em 2020 a meta “90-90-90”, estabelecida pela Unaids, programa da ONU. O sistema consiste em diagnosticar 90% das pessoas que estão com o vírus, tratar 90% delas e fazer com que 90% dessas em tratamento fiquem com carga viral indetectável. A Unaids prevê que, se as metas forem cumpridas, em 2030 a Aids deixará de ser considerada uma epidemia.

Para Maria Clara Gianna, coordenadora do Programa Estadual de DST-Aids, no entanto, o preconceito e a discriminação que persistem podem impedir o cumprimento dessas metas. “Enquanto não atingirmos 0% em preconceito e discriminação, não alcançaremos os outros objetivos. Não podemos ficar apenas numa discussão médica, deixando de lado o ambiente social. É ele que vai determinar muitas das questões que envolvem a propagação da doença”, diz.

Contra o preconceito

Um dos espaços do CRT-Aids abriga o Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais, aberto em junho de 2009. Ali, além do HIV-Aids, o desafio é reduzir o preconceito e garantir a essa população seus direitos à cidadania e à saúde integral. Mesmo nos serviços voltados para prevenção e tratamento de HIV-Aids, travestis e transexuais formam o grupo mais discriminado. Mas no CRT-Aids, os funcionários aprenderam a lidar com esses usuários.

Há mais de 3,5 mil usuários matriculados no serviço. Destes, 70% são transexuais com a expectativa de algum dia realizar a cirurgia de adequação sexual e pelo menos 300 estão aptos para a cirurgia, ou seja, já passaram por avaliação psiquiátrica e psicológica e acompanhamento por equipe multiprofissional por pelo menos dois anos, conforme Resolução 1.955/2010 do CFM. Os hospitais das Clínicas e o Estadual Mario Covas vêm fazendo as cirurgias de mudança de sexo pelo SUS. “Estamos buscando parcerias para que outros hospitais passem a fazer esse procedimento”, diz Maria Clara Gianna, do CRT-Aids.

 

 


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