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Cremesp lança Caderno de Ética em Ginecologia e Obstetrícia


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Programa de Hepatites Virais adota medidas preventivas


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Cirurgia em pessoa com mais de 70 anos


AIDS
Conferência de Barcelona aponta o futuro da epidemia


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Edição 180 - 08/2002

AIDS

Conferência de Barcelona aponta o futuro da epidemia


Conferência de Barcelona aponta o futuro da epidemia

A Conferência Internacional de Aids, que aconteceu em julho de 2002, em Barcelona, Espanha, mobilizou milhares de cientistas, profissionais de saúde e ativistas comunitários de todo o mundo para discutir os rumos da epidemia, apresentar soluções para conter a propagação do HIV e garantir iguais condições de saúde e de vida para todas as pessoas infectadas, independente do lugar onde vivem.

O evento foi um marco político na denúncia das desigualdades de acesso a tratamento e prevenção entre os países, mas não produziu nenhuma grande notícia de impacto. Também ocorreram protestos contra os laboratórios farmacêuticos, que se opõem à produção de genéricos e praticam alto preço dos medicamentos.

Ricos e pobres

Imaginem um mundo rico no qual 500.000 pessoas com HIV têm acesso a medicamentos e 25.000 morrem por causa da Aids a cada ano; e um mundo pobre, no qual apenas 30.000 pessoas, dentre 30 milhões com HIV, recebem os medicamentos, sendo que 2,2 milhões morreram de Aids somente em 2001. Essa cruel realidade deu o tom da Conferência, que cobrou dos países ricos a contribuição para o Fundo Global de US$ 10 bilhões, o mínimo necessário para investimento em tratamento e prevenção em Aids nos países em desenvolvimento.

Na cerimônia de encerramento, o líder mundial e ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, fez um apelo emocionado para “encontrarmos caminhos e formas de disponibilizar a terapia que salva vidas para todos que precisam, sem levar em consideração se eles ou o país onde moram podem pagar”.

Um relatório da Unaids (órgão das Nações Unidas para o combate à Aids) revelou que o HIV está fora do controle, pois já infectou mais de 60 milhões de pessoas desde o início da epidemia, sendo que só em 2001 três milhões morreram por causa da Aids, que já deixou 14 milhões de órfãos. A previsão é que nos 45 países mais afetados, entre os anos de 2000 e 2020, 68 milhões de pessoas morrerão prematuramente, sendo 55 milhões na África.

A Aids cada vez mais atinge pessoas jovens e produtivas; está relacionada com a miséria e a pobreza e afeta a economia de muitos países.

Vacinas

Foram apresentados produtos candidatos a vacinas anti-Aids, em fase inicial de pesquisa, que em breve podem ser testados em seres humanos. Porém, as duas vacinas preventivas atualmente em estudo de larga escala, testadas em grande número de voluntários, uma nos Estados Unidos, Canadá, Holanda e Porto Rico (com 5.400 homossexuais e heterossexuais expostos ao risco de infecção pelo HIV) e outra na Tailândia, dificilmente terão eficácia superior a 30%. Já as vacinas terapêuticas demonstraram resultados mais promissores, em estudos preliminares. Se derem certo, serão usadas em pessoas que já estão em tratamento anti-retroviral. Essas vacinas teriam o objetivo de controlar a resistência e a carga viral das pessoas infectadas, mas não representariam a cura da Aids.

Novas drogas e tratamentos

Os laboratórios Roche e Trimeris levaram à Conferência resultados da pesquisa com um novo medicamento que ataca o HIV por mecanismos até então inéditos. Ainda com o nome provisório de T20, pertence à nova família de drogas anti-retrovirais denominada inibidores da fusão, que deverão ser usadas por pacientes que já apresentam resistência aos remédios atuais. Cerca de 60 brasileiros participam hoje do estudo mundial com o T20, que deve entrar no mercado em 2003.

Com isso, inicia-se a terceira geração de medicamentos anti-Aids. Os inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos foram a primeira categoria de drogas desenvolvidas, que interferem em uma enzima essencial para a produção de novos vírus, bloqueando o processo pelo qual o HIV cria seu DNA. O AZT foi o primeiro dessa classe, aprovado em 1987. Em seguida surgiu uma classe semelhante, os inibidores da transcriptase reversa não análogos de nucleosídeos, que neutralizam a formação do DNA viral.

Já em 1995, o mundo conheceu os inibidores da protease que revolucionaram o tratamento com a combinação de medicamentos, o “coquetel”. Estes atacam o vírus num estágio posterior, impedindo que o HIV se reproduza e infecte outra célula. Encontram-se em estudo, além dos inibidores da fusão, os inibidores da integrase e os imuno-moduladores ou estimuladores do sistema imunológico.

O polêmico pesquisador Robert Gallo, um dos descobridores do vírus da Aids, afirmou em Barcelona que é preciso investir urgentemente na melhoria da qualidade dos tratamentos e que, devido aos graves efeitos colaterais e à toxicidade, os inibidores da protease (a droga mais potente do coquetel) estão com os dias contados.

Especialistas descartaram, as interrupções (ou “férias”) nos tratamentos, afirmando que trata-se de um recurso perigoso e sem eficácia. Mas os defensores das interrupções acreditam que o vírus pode ser mantido sobre controle nesses períodos, permitindo que o sistema imunológico se recupere sem a presença dos medicamentos.

Outra advertência foi de que muitas pessoas infectadas com o HIV estão esperando muito tempo para receber tratamento, o que reduz bastante a sobrevida do paciente.

Apesar de ser uma decisão cautelosa, principalmente devido aos efeitos colaterais, existe um ponto crítico, a partir do qual a terapia não pode ser adiada. Um dos marcadores importantes é a quantidade de CD4 (células de defesa): abaixo de 200 já é tarde para iniciar o tratamento.

Prevenção em segundo plano

Mesmo com a abordagem das questões sociais, a Conferência privilegiou os aspectos médicos e científicos, deixando de lado a discussão sobre novas estratégias de prevenção dirigidas às populações mais vulneráveis, como jovens e mulheres, homossexuais, pobres e excluídos, usuários de drogas injetáveis, profissionais do sexo e presidiários.

Brasil foi destaque

O Brasil teve posição de destaque na Conferência, sempre apontado como modelo de combate à Aids entre os países em desenvolvimento. O coordenador do Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde, Paulo Roberto Teixeira, expôs os resultados positivos da política brasileira de combate à Aids - a redução de custos, a parceria com as ONGs, o acesso universal ao coquetel e os programas de prevenção –, mas também criticou duramente os países ricos. Disse que eles exploram as riquezas das nações pobres e, por isso, deveriam contribuir mais com a luta contra a Aids.

O Ministério da Saúde do Brasil anunciou que irá financiar 10 projetos no valor de US$ 100 mil cada um, destinados a países pobres, que incluem envio de medicamentos fabricados pelos laboratórios brasileiros, capacitação de pessoal e transferência de tecnologia na produção de remédios genéricos.

Além disso, o Brasil assinou, em Barcelona, acordo de parceria com a International Aids Vaccine Iniciative (IAVI), para incentivar o desenvolvimento futuro de uma vacina anti-Aids no país. Já a diretora do Far-Manguinhos, laboratório da Fundação Osvaldo Cruz, do Ministério da Saúde, Eloan Pinheiro, revelou que o Brasil poderá produzir em breve um medicamento próprio para tratamento da Aids. O Brasil já copiou a maioria das 16 drogas atualmente disponíveis no mercado, o que possibilitou a distribuição gratuita do coquetel a baixo custo para todos os pacientes.

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