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25-09-2014 |
HIV-Aids |
Transmissão horizontal e criminalização marcam evento promovido pelo Cremesp |
O Centro de Bioética do Cremesp e o Centro de Referência e Treinamento CRT/DST-Aids, do Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo, realizaram, no dia 17 de setembro, seminário sobre HIV/Aids, com o enfoque central na “transmissão horizontal – levantamento da situação no Brasil e no exterior, perspectivas, aspectos favoráveis e desfavoráveis da realidade atual”. O evento aconteceu no auditório da subsede do Cremesp, à Rua Domingos de Morais, 1810, e contou com a participação de dezenas de médicos e demais profissionais da saúde, além de ativistas da causa. Faz parte de uma série de seminários previstos pelo Centro de Bioética e CRT/DST/AIDS, com a meta de elaborar uma obra de referência sobre o assunto. Como disse na abertura do seminário Reinaldo Ayer de Oliveira, conselheiro do Cremesp e coordenador do Centro de Bioética, “trata-se do segundo evento, de um processo que está evoluindo”, referindo-se a outro encontro, promovido no dia 29 de maio, cujo objetivo também foi a construção coletiva da obra. Em sua fala, Ayer mencionou a origem da ideia: o livro produzido pelo Cremesp em 2002, de autoria do infectologista Caio Rosenthal, também conselheiro do Cremesp e presente ao evento, e Mário Scheffer, jornalista e ativista contra a epidemia. “Desde o lançamento de Aids e Ética, muitas novidades surgiram em relação ao tema”. Entre elas incluem-se especificidades em relação à transmissão horizontal do HIV – segundo uma das definições, a que ocorre através do contato sexual íntimo ou exposição parenteral de sangue ou fluidos corporais contendo sangue visível. Novas angústias Além das angústias vivenciadas por soropositivos e seus parceiros e parceiras sexuais, relativas ao momento de assumir ao outro ser portador do vírus, referia-se essencialmente à eventual criminalização da AIDS, ou seja, punição legal para quem transmitir o vírus propositalmente, “ainda não frequente em nosso país, mas que sempre ‘paira sobre nossas cabeças’”. Na sequencia, a colega Sara Romera da Silva, também do CRT/DST/AIDS, passou a coordenar os trabalhos, compostos por palestras e debates com perguntas da plateia. Falaram ao público, na sequencia, Heloísa Gama Alves, coordenadora da Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual, da Secretaria de Justiça e da Defesa da cidadania; Márcia Urbanovick, psicóloga do CRT/DST/AIDS; e Cláudio Pereira, presidente do Grupo de Inventivo à Vida (GIV), tradicional ONG de luta contra a epidemia. Presente na plateia, Paulo Teixeira, coordenador sênior do Programa Estadual de DST/AIDS-SP, esboçou sua preocupação sobre o papel do médico diante dos casos que se apresentam nos serviços de saúde e que envolvem a revelação ao comunicante sexual. “Por obrigação (ética e profissional), devemos revelar ao parceiro a sorologia HIV positiva do paciente, esgotadas todas as possibilidades de convencê-lo a isso. Mas a verdade é que não temos a capacidade de convocação, em especial, no serviço público”, salientou. “Quando falamos em ‘parceiros’, em geral, pensamos em ‘parceiros fixos’. E os eventuais? Ninguém vai convoca-los, mesmo os encontráveis”. Outros seminários do Cremesp e CRT/DST/AIDS abordarão a Transmissão Vertical; Tratamento como Prevenção e a AIDS no Mundo do Trabalho. Algumas frases “As pessoas com o HIV/AIDS continuam vivenciando o estigma associado às ideias de doença e morte. Além disso, há preocupações sobre esta doença, que ruma em direção da feminilização, pauperização, interiorização, e ao aumento da incidência entre os jovens gays. É o momento de enfrentarmos tudo isso de frente”, Heloísa Gama Alves, coordenadora da Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual “Depois de tantos anos de experiência com pessoas vivendo com HIV e AIDS, vejo que estas não costumam se vitimizar. Se formos vítimas, estaremos dizendo que o outro é vilão. Por isso, é preciso responsabilizar com cuidado”, Márcia Urbanovick, psicóloga do CRT/DST/AIDS “Vai longe o tempo em que pessoas com AIDS se viam como uma espécie de ‘máquina mortal’. A maioria quer proteger os parceiros”, Cláudio Pereira, GIV. Texto: Concília Ortona (Centro de Bioética do Cremesp) |