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    25-09-2014

    João Ladislau

    Formando mais e formando mal

    “A fragilidade da formação tem reflexo direto no crescimento de denúncias de erros médicos”


    O Ministério da Educação (MEC) autorizou, no início de setembro, a abertura de mais algumas dezenas de faculdades de Medicina. Assim, desde então, 39 municípios estão liberados para criar cursos médicos; 14 deles no Estado de São Paulo. Outras sete cidades também receberam aval para ter suas próprias escolas de Medicina, desde que obedeçam a pequenas adequações solicitadas pelo MEC.

    Em agosto último, o governo Dilma Rousseff havia alcançado um recorde jamais visto na história deste País. Em 44 meses de mandato, já autorizara o funcionamento de 62 novas faculdades médicas. O Brasil, do ano 2000 até agora, abriu 136 cursos de Medicina.

    Para pensar: temos 242 escolas médicas. Mais da metade nasceu nos últimos 15 anos; as demais nos cinco séculos anteriores da história do Brasil.

    Óbvio que isso não é nenhum indicador de avanço social. Para se ter uma ideia, a China, com 1,4 bilhão de habitantes, possui 150 faculdades de Medicina e os Estados Unidos, com cerca de 350 milhões de cidadãos, tem 141. Não é a quantidade de graduados que implica avanço dos indicadores de saúde, e sim a qualidade.

    Fato é que estamos formando cada vez mais e cada vez pior. Pudera, a maior parte das novas escolas não conta com hospital para treinamento, não existem preceptores qualificados para fazer frente à demanda de novas vagas, as grades pedagógicas estão ultrapassadas e os empresários do ensino não mostram o menor compromisso com o social. Ao contrário, os olhos deles só veem cifrões.

    Como as autoridades fazem vistas grossas a tais desca­labros, o nível dos novos médicos cai vertiginosamente ano a ano. Em 2013, no Exame do Cremesp, 59,2% dos recém-formados em escolas médicas de São Paulo não atingiram a nota mínima para aprovação. Ou seja, não conseguiram responder corretamente a 60% dos testes propostos.

    A fragilidade da formação tem reflexo direto no crescimento de denúncias de erros médicos. Também é eminente aumento de risco à saúde e à vida dos pacientes. Bom lembrar aqui que todos somos pacientes.

    Registro que, em breve, teremos mais uma prova inequívoca do desserviço que a falta de uma política responsável para a educação de Medicina presta ao Brasil. Em 19 de outubro, realizaremos a edição 2014 do Exame do Cremesp para avaliar o grau de conhecimento de nossos jovens doutores.

    As perspectivas são péssimas. Pelo andar da carruagem, em poucos anos, entrar em um consultório médico pode se transformar em novo fator de risco à saúde.

    O diagnóstico está dado. Resta agir rapidamente para evitar mal maior.

     

    João Ladislau Rosa é presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo


     

    Tags: formaçãocursosMedicinaacadêmicosavaliaçãoeditorialJornal do Cremesp.

    Veja os comentários desta matéria


    Acredito que a abertura desenfreada de cursos é um perigo à profissão médica, que seria amenizada se cada formando necessitasse ser aprovado em uma prova prática e teórica. Essa prova deveria ser colocada em âmbito nacional e ministrada a todos que forem exercer a atividade médica no país. Uma prova periódica atualizada aos moldes das provas do sistema inglês.
    João Victor
    É a primeira vez que vejo um comentário tão oportuno e verdadeiro. Da mesma forma que no passado os engenheiros viraram suco, estamos virando genéricos. Lembro-me de uma publicação da UNESCO de há uns seis anos que analizava a formação de doutores no mundo, e que concluia que formava-se doutores ignorantes. Sabiam tudo de coisa nenhuma. Percebiam o mundo através de um canudo estreito. De tanto olhar a arvore perderam a dimensão da floresta. Há aproximadamente 3 meses a mesma UNESCO publicou estudo onde analisava o conhecimento lógico de jovens de 15 anos, em um universo de 89.000 analisados de ~42 paises. Os brasileiros ocuparam a 38º posição. Conclusão: me parece que professores ignorantes formam jovens da mesma qualidade. Portanto me parece necessário formar Professores de melhor qualidade, trazendo para este fim os melhores formados de cada turma.
    gerson tadeu conti
    Estou de pleno acordo com o diagnóstico epidemiológico do nosso Presidente! Estamos mal e com forte tendência de piora e os Conselhos Regionais e o CFM estão amarrados!!!!!!! Tenho 44 anos de formado e hoje já tenho medo de consultar um colega, salvo as honrosas e antigas exceções!!!!!!!!!!!!
    Ricardo Melhem Abdo
    Axiomas utilizados pelo governo eleito: Mais médicos. Mais escolas médicas. Sociedade vulnerável a tais políticas públicas. .
    Sciubba

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