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03-02-2015 |
Vicente Amato Neto * |
Isolamento |
Essa palavra motiva diversas interpretações. Todavia, o momento parece oportuno para efetuarmos considerações sobre ela quando relacionada com prevenção de doenças contagiosas. Atualmente, é comumente citada em múltiplos ambientes, sobretudo meios de comunicação. O motivo é surto de infecção pelo vírus ebola, vigente em vários países da África Ocidental, causando temor de disseminação. Esse microorganismo é muitíssimo capaz de se disseminar e de propiciar acometimento grave em atingidos. Classicamente, isolamento é “edifício ou pavilhão destinado a doentes com enfermidades infecto-contagiosas ou àqueles que se acham em observação por suspeita desse tipo de moléstia”. O fundamental é evitar contágio e atualmente são utilizados variados procedimentos. Vale a pena comentar o assunto porque aqui no Brasil cabem análise e providências. O rigor necessário e a eficácia não satisfazem e o acontecimento deverá suscitar aprimoramento dos métodos. Em virtude de nossa atividade pudemos conhecer o que vem ocorrendo há anos. O hospital Emílio Ribas era qualificado como de isolamento, agindo com esforços e de forma rudimentar. Em prontos-socorros, vimos camas encostadas em paredes, com biombos simplérrimos identificando lugares específicos, perigosos. Também constatamos conduta criticável ainda presente em determinados hospitais: separar os pacientes a ser isolados no espaço disponível nos quartos simplesmente com um aviso, expressando contagiosidade. Surgiram tentativas para atenuar perigosidade: quartos contando com adoção de mais leitos e, ainda bem, revelando certo esmero para enfrentar eventuais contágios; placas com explicações marcam “sem isolamento”, “cuidados pertinentes a excreções ou secreções” e “isolamento”. Essa intenção contou com médicos e enfermagem treinados, equipamentos como aventais, luvas, gorros, máscaras, desinfetantes, água em torneira de pia isolada, sacos para separar roupas e utilidades, sem descuidos diários ou terminais. Retratou vontade de aperfeiçoar. Em suma, em um contexto que faz parte do conjunto de componentes indispensáveis para tornar aceitável um padrão, não é viável o isolamento descuidado. Citamos improvisações, falta de profissionais preparados, estrutura inexistente para acolhimento básico de doentes ou de suspeitos de serem contagiantes. São demonstrações de que a realidade atual não tem respaldo para persistir. O isolamento não é para ser encarado como dispensável. O atual surto da infecção por ebola, sem dúvida muito maléfico, merece ficar conhecido como estimulador do emprego de isolamento. Para proteção está sendo utilizado o nível IV, máximo, como visto na divulgação dos meios de comunicação. Percebe-se a complexidade, justificada pela contagiosidade – muito grande, no caso. *Vicente Amato Neto e Jacyr Pasternak são professores universitários, com especialização em clínica de doenças infecciosas e parasitárias. |