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Notícias
16-12-2015 |
Carlos A.M. Gobbo |
Relação médico-paciente |
Coordenador do Departamento de Fiscalização do Cremesp “Antigamente a simples presença do médico irradiava vida. Antigamente os médicos eram também feiticeiros. ‘Mestre, diga uma única palavra, e minha filha será curada...’. A vida circulava nas relações de afeto que ligavam o médico àqueles que o cercavam. Naquele tempo os médicos sabiam dessas coisas. Hoje não sabem mais…”. Esse trecho do livro O Médico, do escritor e filósofo Rubem Alves, contrasta com os resultados da pesquisa do Cremesp, realizada pelo Datafolha (veja nas págs. 8 e 9), que avaliou a relação médico-paciente e a crescente incidência de agressões. Por parte dos médicos, temos um descontentamento com a profissão, e as causas estão relacionadas ao comportamento dos pacientes (mais beligerantes e desconfiados), falta de profissionais e de estrutura adequada para a boa prática médica, sobrecarga de atendimento e má remuneração. Os médicos com menos de 34 anos de idade são os mais agredidos, talvez por atuarem no atendimento público e de urgência com grandes deficiências estruturais, sem que estejam preparados para tal. A maior queixa dos pacientes é a falta de atenção e pontualidade e a brevidade na consulta. Não podemos esperar do paciente, que recorre ao médico padecendo de algum sofrimento — muitas vezes agravado por um sistema de saúde de difícil acesso —, que se porte de forma amistosa e confiante. Devemos estar preparados para evitar conflitos e harmonizar o ambiente de atendimento. A pesquisa nos auxilia a entender melhor as agressões, diagnosticar suas causas e discuti-las, para que possamos reverter a degradação da relação médico-paciente. Conselhos e escolas de Medicina, sociedades de especialidades e entidades públicas e privadas de assistência à saúde precisam agir em conjunto. Mas isso será insuficiente se não sensibilizarmos os médicos de que temos que nos unir em torno de um projeto de saúde que resgate a confiança e a credibilidade na assistência médica. Estamos perdendo a capacidade de avaliar e perceber essa complexa e maravilhosa integração com os pacientes. Com isso, nos distanciamos da essência da atividade médica, como diz, novamente, Alves: “É. A vida lhes pregou uma peça. E hoje a imagem que eles veem, refletida no espelho, é a de uma unidade biopsicológica móvel, portadora de conhecimentos especializados, e que vende serviços... Os médicos sofrem por saudade de uma imagem que não existe mais”. Carlos Alberto Monte Gobbo Artigo originalmente publicado no Jornal do Cremesp nº 332, dez/2015 |