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CAPA

PONTO DE PARTIDA
Entre os temas desta edição, detaca-se um debate sobre alimentos transgênicos


ENTREVISTA
Norman Gall: "O Brasil tolera muito a bagunça nas instituições públicas"


CRÔNICA
Uso subcutâneo, intramuscular, tópico...


BIOÉTICA
Medicina Fetal - Muito além do binômio


SINTONIA
Ressonância: Prêmio Nobel Magnetizado


DEBATE
Alimentos Transgênicos


450 anos de São Paulo
Pelas Ruas da Cidade


CONJUNTURA
Crianças trabalhadoras. Adultos desempregados


COM A PALAVRA
Duas Guerras


HISTÓRIA DA MEDICINA
O Código Sanitário de 1918 e a Gripe Espanhola


MÉDICO EM FOCO
Navegar é preciso


LIVRO DE CABECEIRA
Proust não é tempo perdido


CARTAS E NOTAS
Dr. Manoel (Dias) de Abreu e Dr. (Manoel de Abreu) Campanario


POESIA
Carlos Drumond de Andrade


GALERIA DE FOTOS


Edição 26 - Janeiro/Fevereiro/Março de 2004

MÉDICO EM FOCO

Navegar é preciso


A prática médica, às vezes estressante, acaba impelindo a outras atividades como terapia. A dedicação que a profissão exige, desde o período de estudos, também pode suprimir habilidades antigas, que às vezes são apenas adiadas e redescobertas mais tarde. O ginecologista e obstetra Walter Banduk Seguim (foto ao lado) é um desses casos. Admirador do navegador Amir Klink e entusiasta das histórias de grandes navegações, nas horas vagas pratica uma atividade nada comum no país, o nautimodelismo em madeira. É capaz de ficar horas construindo e encaixando pequeninas peças que resultarão em miniaturas de barcos e caravelas.


A paixão vem de criança, quando montava miniaturas de aviões e percorria lojas atrás de vidros de relógios usados como peças para jogar futebol de botão. "Depois, lá pelos 27 anos, já atuando como médico, passei numa loja e vi uma miniatura. Senti saudades, um gosto de infância", relembra. Isso foi suficiente para que ele voltasse a montar miniaturas, num primeiro momento de barcos com peças de plástico. "Quem faz montagem em plástico é um mero montador, que cola e faz uns arremates. Tem os seus segredos e encantos, mas não me satisfazia". Em 1993, viajando para Portugal, Banduk visitou o Museu da cidade do Porto. Ele lembra que "tropeçou" numa réplica de caravela. Lá, adquiriu um kit de montagem, todo em madeira, material que exige mais trabalho. "Essas miniaturas, muito mais cruas que as de plástico". A madeira tem de ser vergada, lixada, colada, parafusada e pintada, processo que demanda uma técnica mais complicada que só montar peças prontas.

O primeiro modelo construído foi uma típica caravela portuguesa usada para transportar Vinho do Porto, que ainda pode ser encontrada na região. "O interessante da madeira é que nunca existirão dois barcos idênticos, porque são dois construtores diferentes", destaca.

Paulistano, nascido em 1963, formou-se pela Faculdade de Medicina do ABC. Banduk conta que a vontade de ser "parteiro" veio antes, por influência de seu padrinho, que era obstetra e participou decisivamente da sua formação. "Depois, descobri que para ser parteiro tinha que ser médico e fiz Medicina", relembra. Coordenador da equipe de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital São Camilo há mais de 12 anos, ele destaca o trabalho que faz com vídeolaparoscopia, procedimento que também exige gestos delicados, assim como as miniaturas.

No Brasil são poucas as pessoas que praticam a atividade e não há estímulo nenhum para importação do material necessário para confeccioná-los, afirma o médico. "E eles são muito caros, mesmo fora do país. Cada molde custa em torno de 350 dólares". Uma miniatura leva de seis a oito meses para ser concluída quase o tempo de uma gestação.?"A obstetrícia também tem esse lado da paciência", conclui.

Quando os amigos de Banduk telefonam para sua casa e são informados que está mexendo com os barcos, já sabem que o retorno só virá no dia seguinte.?"Há poucos meses parei de fumar. Nesse período conseguia passar até oito horas montando um barco e não sentia necessidade de fumar. Comecei a perceber que tinha capacidade de fazer uma cirurgia de três ou quatro horas, sem precisar de um cigarro", orgulha-se.

A coleção hoje já conta com oito barcos grandes montados - alguns com um metro de comprimento - e dois em andamento. Considerando que cada um demora quase um ano para ficar pronto, isso não é pouco.
Numa "feliz coincidência", Walter Banduk passava férias em Porto Seguro, na Bahia, em 2000, quando deparou-se com a construção de uma caravela em tamanho natural. Ao descobrir que ela fazia parte das comemorações dos 500 anos de descobrimento do Brasil, resolveu aportar por ali mesmo. "Acabou a viagem e a praia. Queria ficar só por conta da caravela. Quando você tem um hobbie, tudo acaba girando em torno disso", explica.

As ferramentas usadas para a confecção das peças - muitas originalmente feitas para trabalhar com ouro e metal - foram adaptadas por ele para o uso no modelismo. "Também uso brocas e espátulas de dentistas, que são mais delicadas. Tornei-me um garimpeiro, olho um tubinho de plástico no centro cirúrgico, acho que dá pra usar e acabo levando pra casa".

A relação afetuosa com os barcos também o ajuda a superar uma tragédia pessoal. Um acidente no mar, ocorrido em 1997, tirou a vida de sua esposa, do filho de dois anos e de sua sogra. Banduk foi o único sobrevivente. "Foi um período difícil, a Obstetrícia e as pacientes me deram muita força". Em dezembro do ano passado, casou-se de novo, e diz que sua atual esposa é uma "pessoa maravilhosa" que entende a sua história e lhe dá muito apoio. Tem ainda uma coleção, decorrente da paixão pelos barcos, que são moedas de ouro e prata antigas, algumas da época do Descobrimento do Brasil.

Questionado se deixaria a Medicina para comandar uma embarcação, Banduk é categórico. "Não sei se me interessa comandar, mas se eu pudesse trabalhar num estaleiro ou clube náutico, na construção de barcos, eu levaria isso para uma escala maior com certeza. Mas paralelamente à Medicina, que é a minha vida".


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