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CAPA

PONTO DE PARTIDA (PÁG.1)
Reflexões sobre temas desafiadores e essenciais


ENTREVISTA (PÁG. 4)
Regina Parizi "As mulheres precisam aceitar mais desafios"


CRÔNICA (PÁG. 10)
Não estou a seu serviço


VANGUARDA (PÁG.12)
Novos avanços no tratamento do câncer


CONJUNTURA (PÁG.16)
A escravidão não acabou


DEBATE (PÁG.20)
Somos o país mais corrupto do mundo?


SINTONIA (PÁG.26)
A doença como metáfora


HOBBY (PÁG. 30)
Todas as cores do mar


GIRAMUNDO (PÁG.34)
Arte, genética e ciência


PONTO COM (PÁG.36)
-


CULTURA (PÁG. 38)
Kobra, muralista internacionalmente reconhecido, começou fazendo grafites


TURISMO (PÁG. 42)
Santiago de Compostela


CARTAS E NOTAS ( PÁG. 46)
-


MÉDICOS QUE ESCREVEM (PÁG. 47)
Retrato da vida


FOTOPOESIA (PÁG. 48)
Em tudo nela brilha e queima


GALERIA DE FOTOS


Edição 82 - Janeiro/Fevereiro/Março de 2018

TURISMO (PÁG. 42)

Santiago de Compostela

A viagem é o caminho

O Caminho de Santiago não é, na verdade, apenas um caminho, mas inúmeras rotas situadas na Europa, cujo destino final é Santiago de Compostela, pequena cidade no noroeste da Espanha, considerada, desde 1985, Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Qualquer que seja o trajeto escolhido, ele é símbolo de desafios e autoconhecimento para viajantes de todo o mundo, que percorrem as rotas a pé, passando por diversas cidades e até países, caminhando, em média, 30 quilômetros por dia.

Tudo começou no século 9, com uma peregrinação cristã ao túmulo de Santiago Maior, um dos apóstolos de Jesus Cristo, que estaria localizado na Catedral de Santiago. As diferentes rotas que levam até lá foram consideradas um fator determinante para a hegemonia política dos reinos cristãos espanhóis, na Idade Média. Porém, ficaram relativamente esquecidas nos últimos séculos e foram revigoradas da década de 1980
para cá. Desde então, os aspectos religiosos cederam espaço para uma nova forma de turismo, que permite ao viajante explorar ao máximo cada local pelo qual passa. Os relatos, inclusive em livros que ficaram famosos – feitos pelos viajantes sobre os efeitos positivos da caminhada em relação a vários aspectos –, ajudaram a retomada da peregrinação em massa.

Atraído, principalmente, pela história e culinária espanhola, o médico Marco Aurélio Piacesi já fez quatro vezes o Caminho de Santiago, por diferentes rotas, nos anos de 2007, 2009, 2012 e 2015. A primeira delas foi pelo Caminho Francês, cujo início é na cidade francesa Saint-Jean Pied de Port, passando pelos Pirineus. Depois de caminhar os 800 km dessa rota, ele estendeu a viagem até Finisterre, 90 km depois, que, segundo as crenças locais, seria o fim do mundo, por ser um braço de terra que se alonga no meio do oceano.

Nos demais anos, chegou a Santiago pelas rotas: Caminho Cantábrico, Caminho Português e Via de la Plata. Antes de enfrentar os diferentes caminhos à cidade espanhola, o médico já havia realizado outras viagens a pé, a partir de determinado ponto, no Brasil, como a Aparecida do Norte e a Ouro Preto, e na Itália, a São Francisco de Assis.

 
Fachada e detalhes da Catedral de Santiago

Rota francesa

Viajando por 35 dias com uma mochila nas costas e caminhando uma média de 25 quilômetros por dia, Marco Aurélio passou, durante a viagem pelo Caminho Francês,
por cerca de 40 cidades durante o percurso até Santiago. Para ele, a vontade de fazer a
caminhada é a coisa mais importante paraconcluir o trajeto. “Quando você se propõe a fazer uma viagem nesse estilo, no início pensa que a grande conquista é chegar ao
objetivo final, onde termina a caminhada. Mas quando chega lá, percebe que percorrer
o trajeto é mais enriquecedor e significativo do que simplesmente cruzar a linha de chegada”, revela.

Os dias são longos e intensos, e os desafios inúmeros: cansaço e saudade de casa, sem contar machucados como bolhas pelo corpo, pés inchados e dores musculares. Mas eles também fazem parte do aprendizado da viagem. “Ali aprendemos a nos relacionar conosco mesmo, com os limites do nosso próprio corpo e a forma como devemos cuidar dele”, observa o médico.

A viagem é capaz de “conectar nossa mente com outro estado de espírito”, revela Marco. Mesmo sem praticar nenhuma religião, ele lembra que sentiu um “bem estar” muito grande e uma intensa paz interior. “A viagem é capaz de abrir os horizontes, deixar a pessoa mais perceptível aos mínimos detalhes da vida, preocupar-se mais
consigo e com os outros”, ressalta.

A rotina é semelhante entre os peregrinos, mesmo cada um fazendo sua rota. Geralmente, o horário de dormir é das 22h às 5h. Quando acordam, tomam café da manhã e preparam o que vão precisar ao longo do dia, já que muitos pontos são totalmente desertos desertos. Caminham o dia todo e planejam o descanso em algum albergue na localidade mais próxima.

Para o médico, a infraestrutura do caminho é boa, principalmente em relação ao conforto e à alimentação. Mas, pondera, “quando você já sai com a ideia de que vai encarar uma aventura, está preparado para tudo”. É necessário, adverte, estar preparado para imprevistos, como se deparar com albergues lotados e falta de vagas. “Durante minha caminhada, acabei dormindo em delegacia, conventos e colégios públicos”, comenta.

Fazendo seu caminho

Além de ser uma viagem de baixo custo para a região (cerca de 10 a 15 euros por dia, com acomodação), Marco Aurélio optou pela viagem ao estilo peregrinação por considerá-la uma ótima alternativa para conhecer além do que proporciona o turismo convencional. A caminhada permite um mergulho na cultura e na história local, e uma vivência direta com a população, seus costumes e culinária.

“O mais importante da viagem é a sua realização. ‘Caminhante, não há caminho, se faz caminho ao andar’, como diz um poeta. Ninguém pisa no mesmo lugar que você pisou, mesmo andando lado a lado, cada peregrino faz o seu próprio trajeto e isso é o que eu mais gostava de pensar enquanto exploro novos locais”, diz Marco Aurélio.

O Caminho de Santiago tem diversos graus de dificuldade, como regiões de montanha e planas, fazendo o viajante encarar diversos obstáculos. A recomendação, como médico, é simples: se a pessoa não tiver nenhuma doença grave preexistente, como insuficiência cardíaca grave, ou problema renal crônico que precise de tratamento diário, não é necessário nenhum preparo específico, apenas determinação e foco.

Para os aventureiros que desejam fazer o percurso, as dicas dele são: carregar uma mochila adequada, somente com o necessário; calçar tênis confortável, de preferência dois tamanhos maiores (para quando o pé inchar), e abusar de meias de algodão acolchoadas,  que protegem os calcanhares e dedos do desgaste sofrido pela caminhada. E, claro, muita disposição e determinação.

Marco Aurélio, durante viagem
pelo Caminho de Santiago, à
altura do município A Coruña,
na Espanha

 

(Colaborou: Ana Clara Scarabelli)


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