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CAPA

PONTO DE PARTIDA (PÁG. 1)
O médico, os planos de carreira e os novos desafios


ENTREVISTA (PÁG. 4)
"É preciso aprender a gerir a própria emoção"


CRÔNICA (PÁG. 10)
Envelhecendo, mas sem desanimar


CONJUNTURA (PG. 12)
Você é Nomofóbico?


VANGUARDA (PG. 16)
Progressos da cirurgia bariátrica


DEBATE (PG. 20)
Planos de Carreira para Médicos


SINTONIA (PG. 26)
O Direito e a certeza médica


HISTÓRIA DA MEDICINA (PG. 29)
Como é bom ser bom


HOBBY (PG. 32)
Paixão pela arte e fascínio pela Medicina


GIRAMUNDO (PG. 36)
Cérebro criativo


PONTO COM (PG. 38)
Quem diria...


CULTURA (PG. 40)
Cultura, emoção e história


GOURMET (PG. 44)
De bem com a vida


FOTOPOESIA (PÁG. 48)
Trajetório Poética do Ser


GALERIA DE FOTOS


Edição 83 - Abril/Maio/Junho de 2018

CRÔNICA (PÁG. 10)

Envelhecendo, mas sem desanimar

Tufik Bauab 

Envelhecendo, mas sem desanimar

Meu avô se chamava Honório e, minha avó, Antonia. Tinha por filhos Mercedes,Clara,
Enedina, Albertina, Jaime, Hugo e Honória, minha mãe. Já por parte de meu pai, eram nomes mais exóticos, ao menos para nossos ouvidos de herança latina: Tannus era meu avô e, Beij, minha avó. Os nomes dos filhos acompanhavam: Adib, Syrio, Farid, Abdallah, Felicio, Raifi, Nadir e Tufik, meu pai. Que quis garantir duplamente a imortalidade: não somente me deu o seu DNA, como também me deu o mesmo nome. Por sorte, como era moda na época, acrescentou um Júnior. Isso me ajudou bastante nas visitas aos países de vigilância mais ativa: terroristas com nome árabe são muitos, mas nunca se ouviu falar num terrorista com sobrenome Júnior, e, portanto, nunca fui incomodado.

Meus avós e tios tinham nomes que, aos poucos, estão desaparecendo. Mesmo entre os de origem árabe. Para citar apenas dois grandes médicos e grandes amigos, João Roberto Antonio e Miguel José Francisco. “Turcos” da gema, tiveram os nomes nacionalizados, numa mistura de nomes com sobrenomes que acabou sendo passada de geração. Mas também são nomes que estão desaparecendo: gradualmente são
substituídos por nomes sofisticados, como Wesley, Maicon, Neymar Júnior (não é meu parente), Maxsuel etc.

Assim, estava eu na Jornada Paulista de Radiologia, mais especificamente no banheiro. Em congressos, você olha para a pessoa e, imediatamente, confere o crachá, para não dar mancada.Olhei o crachá, e lá estava “Honório”. Comentei com o portador: “rapaz, você tem o mesmo nome do meu avô, nunca tinha encontrado alguém com esse nome”. Um pouco sem graça, ele respondeu: “doutor, eu já sabia, o senhor fez este mesmo comentário no ano passado, por coincidência aqui neste mesmo banheiro”. Apelei para os últimos neurônios, e ainda consegui fazer um gracejo (alguém ainda usa gracejo?) “ano que vem, você me avise, sou o Honório, antes que eu comente pela terceira vez”.

Acho que estou ficando velho.


O dinheiro da aposentadoria, por exemplo, gosto de receber em espécie. Entro na fila dos aposentados e desvalidos, recebo a fortuna que a Previdência me envia todos os meses, guardo no bolso, e aquele é o dinheiro do mês. Mesmo correndo o risco de ser assaltado (e morto) numa saidinha, religiosamente no dia 7 estou no banco, que tem por vermelho a cor oficial. O mesmo vermelho do cartão que me enviou a companhia aérea. Mantenho todos os cartões na minha mesa, que neste Brasil ninguém é louco de andar com carteira recheada. Como faço todos os meses, peguei o cartão vermelho do Banco, entrei na fila dos mal humorados (existe alguém mais mal humorado que aposentado em uma fila?), estiquei o braço e entreguei o cartão para o caixa. Que imediatamente começou praticamente a berrar, já que eu estava na fila dos aposentados e, obrigatoriamente, meio surdo: “senhor, aqui é o B-A-N-C-O, este cartão é da C-O-M-P-A-N-H-I-A A-É-R-E-A, o senhor tem que trazer o cartão do B-A-N-C-O”. Fingi que era retardado, pedi desculpas e sai do B-A-N-C-O para a rua, em São José do Rio Preto. Que tem duas estações no ano: verão e inferno.

Estava eu desanimado, esperando, sob o sol, o sinal verde de pedestres, pensando que teria de voltar à minha casa, trocar o cartão etc., quando alguém me segura o cotovelo. Imediatamente, pensei em assalto, mas a pessoa também começou a falar em voz alta comigo: “quando o sinal ficar V-E-R-D-E, eu ajudo o senhor a atravessar a rua”.

Aí veio a certeza que estou ficando velho. Mas não desisto, continuo na labuta. Pelo menos, a companhia aérea me enviou um cartão black, que para mim tem dupla utilidade: significa que continuo ativo e que não passarei vergonha no banco.

* Membro do Conselho Consultivo da Sociedade Paulista de Radiologia; e radiologista na cidade de São José do Rio Preto, SP,


 


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