DOSSIÊ: Ato Médico | EM FOCO 22 • SER MÉDICO [2] FOTO: OSMAR BUSTOS rica Latina, como a Bolívia – e a busca dessa via pelos estudantes brasileiros para obterem o tão sonhado diploma em Medicina — foi reportagem de capa da revista Ser Médico, em sua edição nº 61, de 2012 — época em que o Revalida ainda engatinhava no País. A publicação não só serviu de alerta aos médicos em busca de formação como reforçou a necessidade de defender o Revalida como a maneira mais eficaz de barrar o derrame de diplomas obtidos nos exterior — em instituições de ensino de qualidade duvidosa — no mercado de trabalho brasileiro. A extensa cobertura jornalística conseguiu desvendar a complexa rede mercantilista e de interesses que envolvia a admissão de alunos nas escolas médicas particulares da Bolívia — ainda em número crescente, como mostram dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais — Inep (veja na pág. 25). “Escolas médicas iludem 20 mil brasileiros” era o título da matéria denunciando as condições precárias de ensino, com ausência de locais e preceptoria para a prática médica, docentes sem preparo, número ilimitado de vagas e sem que houvesse qualquer tipo de processo seletivo. Hoje, a estimativa é que haja ainda mais brasileiros estudando Medicina na Bolívia. Apesar do cenário preocupante, os candidatos são atraídos pelas facilidades de estudar Medicina sem ter de fazer cursinho ou desembolsar muito. Milhares de brasileiros de todas as idades se dirigiam — e ainda o fazem — anualmente à Bolívia e a outros países da América Latina, como a Argentina, para estudar em faculdades particulares. Na época, o valor das mensalidades das escolas bolivianas variava de US$ 130 a US$ 150. Depoimentos de estudantes confirmaram que era muito barato estudar Medicina na Bolívia. Conforme apurou a reportagem, o número de brasileiros era tão expressivo que, muitas vezes, parecia que se estava no Brasil, tal a quantidade de pessoas falando o português nessas escolas. Pelos relatos divulgados em blogs que orientam candidatos às vagas, a situação continua atraindo alunos, com mensalidades entre US$ 137 a US$ 235 (dependendo da instituição, cidade e infraestrutura), em 2022, sem a necessidade de prestar vestibular, enquanto no Brasil, a média é de R$ 10 mil. Ou seja, o valor de um semestre em uma escola boliviana equivale praticamente a uma mensalidade da brasileira. Vagas ilimitadas Ainda de acordo com a matéria da Ser Médico, uma das razões apontadas para a crescente busca por vagas em escolas de Medicina na Bolívia é a existência de um número ilimitado de vagas. Entregando os documentos necessários, basta o interessado se inscrever, pagar a matrícula e ser admitido no curso, sem qualquer processo seletivo. O objetivo parece ser arrebanhar o maior número possível de alunos, contancandidatos são atraídos pelo preço baixo e ausência de vestibular rede mercantilista de escolas da bolívia admite milhares de alunos brasileiros [2]
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