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SER MÉDICO • 37 seu bombom. Foram suficientes para todos, contadinhos! Melhor assim. Quando achei que havia acabado com os atendimentos, enfim, procuro o bombom reservado no bolso, quando percebo que estou sendo observado. Levanto o olhar para a porta e vejo uma paciente, quando ouço: — E eu, dr. Pedro, não vai me atender? “Putz!”. O prontuário dela ficou assim, meio que escondido, em meio aos vários outros que vinham por cima. Peço a ela para que entre, atendo, faço as receitas e, por fim, olho com um pouco de culpa para a caixa de bombons já vazia... E pergunto para a minha consciência: “ela é a única que vai ficar sem bombom?!?!”. Lembrei- -me daquele reservado para mim. Mesquinhamente hesitante, confesso que titubeei durante alguns momentos, mas coloquei a mão no bolso e ofereci o último, cumprimentando com um “Feliz Natal”. A paciente desembrulha o bombom, dá uma prazerosa mordida e diz: — Para o senhor também, dr. Pedro! E sai pelo corredor. Bem, penso, “agora sim, deu para todos”. Respiro fundo, dou de ombros e vou arrumando as coisas para ir embora, quando ouço: — Dr. Pedro, esqueci uma coisa que havia trazido para o senhor... E eis que a última paciente do ILUSTRAÇÃO: SUZANA LEFÈVRE plantão me estende a mão e me oferece uma caixa de bombons, da mesma marca que eu havia recebido e distribuído! Falando em bombom, passou a Páscoa, mas ainda dá tempo de contar uma boa história de Natal.  *Médico psiquiatra e diretor tesoureiro do Cremesp

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