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8 • S E R M É D I C O são escravas das drogas e dos traficantes, muitas vezes, com o beneplácito de grupos e de organizações que supostamente as defendem. Assim, o combate ao narcotráfico e ao crime organizado, comprisão de criminosos e apreensão de drogas, são de fundamental importância. Reduzir a oferta de drogas às pessoas em situação de rua é primordial. Os crimes correlatos ao narcotráfico também precisam ser enfrentados com rigor. É preciso que a Justiça e seus operadores cumpram o seu papel de proteção social. Por outro lado, a oferta de tratamento adequado aos usuários de drogas é imperiosa. Porém, é preciso frisar que há de se respeitar as reais necessidades das pessoas. Quando existe indicação para internação, ela deve ser ofertada. Quando o tratamento é de base comunitária, essa abordagem também precisa estar à disposição do usuário. Posturas ideológicas, que no passado suprimiam ofertas de cuidado aos dependentes químicos, não devem mais ser permitidas e toleradas. E todas essas ações de cuidado em saúde têm de estar alinhadas com as de ofertas de assistência e de desenvolvimento social, com capacitação para o trabalho e moradia. Ser — Com a publicação da nova Política Nacional sobre Drogas e da nova Lei de Drogas, em 2019, e a expansão do financiamento a Comunidades Terapêuticas e Grupos de Mútua Ajuda e Apoio Familiar, houve melhora no acolhimento e tratamento de pessoas com transtornos mentais decorrentes da dependência química? Quais as principais mudanças? Quirino — Em 2019, quando eu era secretário de Cuidados e Prevenção às Drogas, do Ministério da Cidadania, participei da construção desses dois importantes marcos regulatórios para o enfrentamento mais efetivo dos vários problemas relacionados às drogas no Brasil. A nova Política Nacional sobre Drogas e a nova Lei de Drogas deram novos norteamentos e ferramentas para o poder público lidar de maneira mais efetiva com os grandes desafios relacionados ao cenário das drogas no País, nas frentes de combate ao narcotráfico e ao crime organizado; de prevenção às drogas e de suas consequências danosas; e também de tratamento e recuperação de pessoas com dependência química. Tudo isso contribuiu para que o Brasil batesse recorde atrás de recorde na apreensão de drogas ilícitas, na erradicação de plantações de maconha no nosso vizinho Paraguai (droga essa que entraria em território brasileiro), na apreensão e venda/doação de bens do narcotráfico, reduzindo o poder financeiro do crime organizado e aplicando mais recursos no enfrentamento às drogas, como, por exemplo, no tratamento de pessoas com dependência química. Houve também uma drástica redução dos homicídios no Brasil. Na área do tratamento e recuperação de pessoas com dependência de drogas, a nova Lei de Drogas passou a permitir a internação involuntária no País, em situações de risco para o paciente ou para pessoas do seu convívio. Essa medida, um ato médico que salva vidas, é absolutamente necessária, e precisa estar à disposição para o manejo de pacientes com quadros clínicos graves e de risco. Além disso, e o mais importante foi que a nova Lei de Drogas ampliou E N T R E V I S TA | Q U I R I N O C O R D E I R O J Ú N I O R O serviço é a nova porta de entrada para o tratamento e recuperação de pessoas com transtornos decorrentes do uso abusivo de substâncias psicoativas [2] [2] FOTO: OSMAR BUSTOS

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