2 6 • S E R M É D I C O D O S S I Ê : N E U R O C I Ê N C I A E PS I QU I ATR I A | VA N G U A R D A ridos em estruturas cerebrais profundas, liberando pulsos de energia elétrica em uma determinada frequência. O médico pode, então, ajustar os parâmetros do estimulador, implantado no subcutâneo do paciente, que incluem a frequência de estimulação, a voltagem e a duração do pulso. Diferentes parâmetros e locais de estimulação podem ter efeitos comportamentais distintos, um campo que representa a vanguarda de novos estudos, o principal, no entanto, é que o procedimento é reversível, pois não provoca uma lesão macroscópica no tecido encefálico. É importante frisar, contudo, que, apesar do futuro promissor dessas técnicas, elas não são uma resposta para todos os problemas e para todos os pacientes. Embora de fato se observe que muitos pacientes, especialmente os com TOC, apresentam respostas extremamente animadoras, infelizmente outra parcela considerável não responde tão bem – ou até mesmo não apresenta nenhuma resposta. Ainda não se sabe ao certo o que leva a esse resultado tão heterogêneo. Há muito que se estudar sobre as diferenças neuroanatômicas em nível individual que poderiam explicar essa variabilidade de resposta. Ou ainda, é possível que haja diferenças na fisiopatologia entre pacientes que acabam por ser agrupados na mesma categoria diagnóstica pela atual taxonomia psiquiátrica, incapaz de diferenciar nuances fenotípicas que se associariam a diferentes substratos neurobiológicos. Em outras palavras, é possível que estejamos escolhendo o mesmo alvo de neuroestimulação para pacientes que possuem transtornos com características diferentes, embora chamemos todos eles de “pacientes com TOC” segundo os critérios diagnósticos atuais. Por serem clinicamente heterogêneos, tais pacientes teriam circuitos específicos implicados na fisiopatologia de seus transtornos e, por isso, necessitariam de alvos personalizados de neuroestimulação. Além dessa limitação, também é fundamental salientar que a psicocirurgia não é a solução definitiva ou “milagrosa” para todos os pacientes, incluindo aqueles com boa resposta. Estudos mostram que mesmo pacientes seguidos no longo prazo após serem submetidos à capsulotomia anterior apresentam ainda grande morbidade associada a seu transtorno de A psicocirurgia hoje é indicada especialmente para o TOC refratário a outros tratamentos Transtorno Obssesivo Compulsivo - TOC [2] BONEZBOYZ/ISTOCK [2]
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