3 8 • S E R M É D I C O [2 E 3] FOTO: OSMAR BUSTOS H O B B Y Natureza-morta é uma das temáticas presentes em seu conjunto de obras [2] [3] Poucos anos depois, decidiu fazer Medicina, graduando-se pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, em 1980, onde ficou conhecido pelo apelido “Carioca”, por ter nascido no Rio de Janeiro. Com uma pitada de ironia, diz que começou a vida “tranquila” de médico fazendo, em média, oito plantões por mês. Ao mesmo tempo, fez Residência em Clínica Médica e Medicina Intensiva, também na Santa Casa, trabalhando por seis anos na UTI do Hospital Santa Isabel. Logo vieram o casamento, com a médica veterinária Marilda, e os três filhos, Marcelo, Rafael e Bruno. “Já nem sabia mais o que era pintura”, conta. E, assim, a caixinha de tintas e pincéis foi ficando cada vez mais esquecida em algum canto da casa. De repente, um dia, em 1990, olhou para ela e resolveu pintar um quadro. No ano seguinte, fez outro. Porém, novamente, a correria cotidiana da Medicina o afastou da pintura. “Além do trabalho, havia a responsabilidade de criar os três filhos. Digo 'criar' por força de expressão, pois nessa época mal parava em casa. É necessário reconhecer a imensa ajuda da minha esposa, que dedicou muito mais tempo a eles, levando-os à escola, às atividades extraescolares e demais funções que as crianças exigem”, observa. Uma cirurgia cardíaca, em 2011, obrigou Nilton Jorge a ficar 40 dias em casa. O tempo, repentinamente livre, deu-lhe condições de pintar mais uma obra, desta vez em homenagem à esposa, que sempre esteve ao seu lado. “Como ela aprecia muito orquídea, pintei um quadro com a flor. Mas ficou mal definido, pois as tintas estavam ressecadas, eram as mesmas de quando fiz as aulas de pintura”, comenta, bem-humorado. Ainda trabalhando muito, após a pausa forçada, mais uma vez abandonou a pintura. Até que, em 2019, pouco antes da pandemia de covid-19, estava em sua casa de campo, em Santo Antônio do Pinhal, no interior paulista, e, de repente, deu-se conta de que não tinha nenhum quadro do mestre Durval Pereira. “Apesar de ele ter se tornado um pintor impressionista reconhecido, comecei a querer muito ter uma obra dele. Já no tempo em que eu fazia o curso, ele pintava muitíssimo bem e eu ficava admirado. Com apenas algumas pinceladas, ele dava uns retoques nos quadros dos alunos e mudava tudo. Seu dom era impressionante”, lembra. Decidiu, então, fazer uma busca na internet e conseguiu, por meio do site oficial do antigo professor, o contato com um neto dele, que lhe contou sobre a então recente exposição de parte das obras do mestre, falecido em 1984. Não conseguiu ver a exposição e adiou a compra do quadro para a próxima, que ainda não ocorreu, mas, "Não sei se por causa da lembrança afetiva, mas comecei a pintar novamente e não parei mais"
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