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4 2 • S E R M É D I C O G O U R M E T “COISAS DE COMER E BEBER” A capital paulista teve sua primeira casa de “vender coisas para comer e beber” ainda no século 16. Uma das histórias conta que isso aconteceu no ano de 1599, quando a Câmara Municipal resolveu que era necessário um local para servir aos “forasteiros”. Para coordenar o lugar, foi escolhido Marcos Lopes, que, em um juramento público, aceitou a função de cuidar da “bodega” ou “taberna”. A alimentação dos paulistanos era a mesma dos povos indígenas, sendo composta por itens como canjica, angu, mandioca, peixe e carne. Diz-se que, em 1603, uma cigana chamada Francisca Rodrigues também aderiu ao ramo. Para atingir o patamar culinário de São Paulo de hoje, foram agregados ingredientes de gerações e gerações de "forasteiros" e suas culturas. Fonte: Cidade e Cultura, Edição 9, Km Editora [5] RICHARDSFRANCO/ISTOCK [6] FLAVIA NOVAIS/ISTOCK Cambuci (ver receita na pág. 43); ou procurar uma bureka quentinha, no Bom Retiro. E, claro, ir a churrascarias típicas gaúchas, de espeto corrido, com garçons pilchados, de botas e bombachas, ao lado das prendas, com seus coloridos vestidos, ou a um restaurante nordestino, ao som de sanfona, zabumba e triângulo, comer um baião de dois, uma buchada, um sarapatel. Pela já cantada “cidade que ergue e destrói coisas belas”, não temos mais restaurantes muito antigos ativos. As regiões da cidade de vida noturna vão migrando, bem como os bairros em que seus frequentadores vão morando. Temos ainda, sim, antigos, como os franceses La Casserole, ou o Freddy, cantinas como o Roperto e pizzarias como a Castelões. Mas, a partir dos anos 2000, em que pese restaurantes coreanos, bolivianos e outros andinos, e novas levas chinesas e árabes, estrearem saborosamente e enriquecerem as opções, infelizmente parte da cena gastronômica se gourmetizou... Senão na qualidade, na afetação de seus personagens e ambientes, preços astronômicos, cozinheiros “causando”, cheios de bossa e tatuagens... E entregando muito pouco prazer e sabor. Voltemos a ser raiz! *Psiquiatra e conselheiro tesoureiro do Cremesp [5] [6] Baião de dois é encontrado nos típicos restaurantes nordestinos em São Paulo Esfihas não faltam nos cardápios libaneses

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