S E R M É D I C O • 7 [1] FOTO: OSMAR BUSTOS [1] Ser Médico – O sr. assumiu recentemente a direção do novo Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas do Estado de São Paulo. Quais são os maiores desafios para sua gestão no atendimento e tratamento do uso abusivo de substâncias psicoativas? Quirino Cordeiro Júnior — O novo Hub faz parte de uma grande estratégia do Governo do Estado de São Paulo, que passou a atuar em diferentes áreas para o enfrentamento dos diversos problemas relacionados às cenas abertas de uso de drogas na região central da cidade de São Paulo. Os desafios do Hub são vários: organizar um serviço que possa dar conta das múltiplas e complexas necessidades relacionadas às doenças mentais e físicas dos pacientes, quando procuram ou são levados para tratamento; articular ações conjuntas com gestores públicos estaduais e municipais, para que os pacientes encaminhados pelo serviço possam acessar uma rede ampla e potente de tratamento em saúde e de desenvolvimento social; e desempenhar papel relevante no enfrentamento aos graves, complexos e crônicos problemas advindos das cenas abertas de uso de drogas, que assolam o município de São Paulo há mais de três décadas. Ser — Quais as medidas mais urgentes e necessárias para o enfrentamento da questão da Cracolândia, que envolve tanto aspectos de saúde mental como de segurança pública, e que tem sido bastante desafiadora em diferentes gestões governamentais? Quirino — O manejo efetivo dos problemas relacionados ao uso de drogas envolve, necessariamente, ações integradas, executadas por múltiplos atores sociais em diferentes frentes de ação. Porém, o aspecto central, que precisa permear e sustentar todas essas iniciativas, é o combate à permissividade e leniência em relação ao uso de drogas em espaço público. Não há como conceber a ideia de uma sociedade que respeite de fato os direitos humanos (não apenas na retórica ideológica) e que conviva bem com a ideia de aceitar a existência de uma cena aberta de uso de drogas, onde pessoas vivem a miséria humana no seu grau máximo. Nas últimas décadas, parte do poder público e de alguns segmentos da sociedade passaram a encarar esse cenário com certa naturalidade. A indigência e a degradação humana, representadas em todas as suas cores e nuances nesses locais, têm sido quase que romantizadas, glamourizadas. Porém, não há glamour algum na violência diária a que são expostos os frequentadores da Cracolândia. Essas pessoas "Posturas ideológicas, no passado, suprimiam ofertas de cuidado aos dependentes químicos", diz o diretor do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas
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