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8 • S E R M É D I C O Ludhmila — É desafiador, mas muitas barreiras já foram quebradas nos últimos anos. Atualmente, por exemplo, o HC tem 102 residentes por ano na área, sendo 72 de ME e 30 de Terapia Intensiva. São jovens extremamente estimulados e bem informados, que farão parte do dia a dia da transformação da disciplina. O reconhecimento da importância das especialidades de ME e Terapia Intensiva é crescente no HC nos últimos anos. Não vejo nenhuma dificuldade. Sinto uma alegria e um prazer enorme em estar à frente da disciplina. O maior desafio será unir todos os professores e disciplinas em torno dela, e tenho certeza de que vou conseguir. Ser — Como a sra. avalia a ME no Estado de São Paulo e no Brasil? Ludhmila — Como especialidade relativamente nova, sabemos que a consolidação vem sendo progressiva, com muita ajuda da Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp). Contudo, ainda temos muito a crescer. Precisamos aumentar o número de serviços e de especialistas, assim como internacionalizar mais a ME, por meio de colaborações científica e assistencial com países de todo o mundo, mais experientes na área. Ao mesmo tempo, a ME tem de participar mais diretamente da formulação das políticas públicas da área. Considerando o HC como um núcleo de formação humana, vejo uma possibilidade enorme de, juntos, conseguirmos de fato crescer e ampliar a especialidade em todo o País, consolidando a formação, como aconteceu com a Terapia Intensiva há alguns anos. Temos de seguir o mesmo caminho. A disciplina de Emergências Clínicas do HC-Fmusp engloba a ME e a Terapia Intensiva, o que torna ainda mais importante a compreensão das melhorias que devemos conquistar para o cuidado do paciente crítico. Ser — Uma vez que a disciplina engloba o atendimento a todos os pacientes críticos do HC, há um planejamento diferenciado para os diversos setores? Ludhmila — Sim. Quando falamos de ME ou da disciplina, estamos nos referindo ao atendimento do paciente crítico, onde quer que ele esteja. Pode ser antes da chegada ao hospital, no sistema de transporte, na enfermaria, nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), no pronto-socorro ou no centro cirúrgico, ou seja, onde quer que o paciente crítico esteja, ele é atendido conforme o conceito da Medicina de Emergência. Com relação às outras especialidades do HC — durante o período em que eu estiver à frente da disciplina como professora titular —, todas serão chamadas, e já o foram, para participar desse processo e entendimento. O pronto-socorro não pode ser o pior lugar do hospital, o local que as especialidades acham que é um problema. Ao contrário, ele é a porta de entrada, central no funcionamento do hospital, e a ME, por definição, é uma medicina interdisciplinar. Existem emergências cardiovasculares, oncológicas, endocrinológicas, cirúrgicas e assim por diante. Meu papel é catalisar ações em torno disso. Todos os professores serão convidados a E N T R E V I S TA | L U D HM I L A H A J J A R Alunos da Fmusp: professora titular defende que a ME seja implementada desde a graduação [2] [2] FOTO: OSMAR BUSTOS

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