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S E R M É D I C O • 9 participar dessa transformação e é assim que vamos conseguir mudar, fazendo uma revitalização do ponto de vista estrutural e funcional. O paciente é atendido pelo médico de emergência, mas ele é institucional, precisa do especialista, e isto faz parte do conceito do melhor cuidado. E, após a admissão na emergência, o paciente crítico segue um caminho. A disciplina que cuida das duas áreas —ME e Terapia Intensiva—possibilita uma visão ampla e multidisciplinar do cuidado. Ser — Algumas especialidades mais específicas serão convidadas a atuar com prioridade nesse projeto? Ludhmila — Algumas áreas têm um volume maior de atendimento na emergência, mas em um hospital que tem 35 especialidades, como o HC, todas serão convidadas a participar da concepção de protocolo de atendimento e de pesquisa. Claro que o atendimento primário é do médico de emergência, mas o paciente será destinado, muitas vezes, a um procedimento cirúrgico, vascular, neurocirúrgico, à cirurgia geral, ou vai precisar de avaliação do endócrino, do oncologista, do cardiologista… Por isso, não vejo uma diferenciação ou uma especificidade em relação às demais especialidades, mas sim em termos de volume, de números. Isso ocorre de acordo com o hospital. O HC, por exemplo, é um hospital de referência para altas complexidades e as especialidades mais acionadas por médicos de emergência são a Cirurgia Vascular, a Cardiologia Intervencionista, a Neurocirurgia e a Cirurgia Geral. Estas são as que têm ação central na emergência, mas todas as outras vão participar também. Então, penso que o modelo que vou implementar no HC poderá ser replicado. A ME é catalisadora e receptora, de uma forma em que todas as outras especialidades estão congruentes e interagindo. Por fim, quem terá o melhor resultado serão o paciente e o ensino. Ser — No Brasil e no mundo, as doenças cardiovasculares são as principais causas de mortalidade. Como seu livro Emergências Cardiovasculares, recém-lançado, pretende contribuir para melhorar esse cenário? Ludhmila — Esse livro foi escolhido pontualmente por causa dessa questão epidemiológica que você citou. Fizemos a publicação de forma muito prática, baseada, principalmente, em condutas, diagnóstico, tratamento e fluxogramas facilmente compreensíveis, para demonstrar que não é preciso ter a melhor estrutura, mas treinar o profissional de saúde para atender a população. Ser — Como a sra. analisa sua trajetória na emergência? O que considera ter sido mais importante até chegar a professora titular da disciplina na Fmusp? Ludhmila — Sem dúvida, foi minha paixão pelo atendimento do paciente vítima de uma situação que necessita de cuidados de urgência e emergência. Isso me moveu durante a vida toda, desde o princípio da minha formação na Universidade de Brasília (UnB). Estou completando, este ano, 22 anos de Hospital das Clínicas da USP, ou seja, de uma vida universitária e acadêmica voltada para o paciente crítico, de quem sonhou um dia estar à frente de um processo de transformação do ensino e de consolidação da área. Chego aqui imbuída de muita vontade, contando com o apoio de sociedades e demais entidades médicas, de muita gente, de todo o HC e da Faculdade de Medicina. A ME é catalisadora e receptora, de uma forma em que todas as outras especialidades estão congruentes e interagindo

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