1 0 • S E R M É D I C O [3] FOTO: OSMAR BUSTOS E N T R E V I S TA | L U D HM I L A H A J J A R Tenho uma diretora incrível, a professora Eloísa Bonfá, primeira mulher a ocupar esse cargo na Fmusp. Ela tem o mesmo entendimento que eu e esteve à frente do pronto-socorro durante 11 anos como diretora clínica. Ela poderia ter escolhido qualquer área para atuar, mas dedicou anos e anos a essa, por entender sua grandiosidade e importância para a formação das pessoas e para a assistência à saúde da população. Então, sigo os passos dela e tenho seu apoio para essa transformação, e do reitor da nossa universidade, o professor Carlos Gilberto Carlotti Junior, que também é professor titular de Neurocirurgia na nossa universidade. Ou seja, somos um trio à frente de uma transformação e vamos fazer o melhor que pudermos para consolidar a disciplina de Emergências Clínicas, utilizando o HC como um modelo de atendimento. Ser — A sra. sofreu preconceitos por ser mulher durante sua trajetória até aqui? Ludhmila — Infelizmente, o preconceito contra a mulher está no DNA de um País como o nosso. Claro que o caminho para mim foi mais difícil, que a minha trajetória teve muito mais obstáculos do que se eu fosse um homem. Isso é natural, infelizmente, em um País que ainda convive com reflexos de uma sociedade que foi escravizada, enfrentando preconceitos e desigualdades. Mas, sem dúvida, sempre conto — e no meu concurso não foi diferente — com minha força de vontade. Cada vez que era mais difícil para mim, eu saia mais forte. Tive de lutar muito para alcançar meus objetivos. Cheguei até aqui e vou chegar mais longe. Vou estar à frente da consolidação da especialidade, do atendimento do paciente crítico, da fusão do conhecimento entre Medicina de Emergência e Terapia Intensiva e, com certeza, abro caminho para outras mulheres. Acredito que, atualmente, somos uma sociedade em transformação, mas, é fato que para a mulher chegar a ser líder é difícil. A porcentagem de mulheres em cargos de liderança é muito menor. Na Fmusp, de 66 professores titulares, apenas 14 são mulheres. Porém, eu diria que nos últimos anos e daqui para frente esse caminho vai ser facilitado. Minha trajetória é um exemplo de que é possível chegar lá. [3] Por meio do livro recém lançado, Emergências Cardiovasculares, Ludhmila defende que "não é preciso ter a melhor estrutura, mas treinar o profissional de saúde" Vamos fazer o melhor que pudermos para consolidar a disciplina de Emergências, utilizando o HC como um modelo de atendimento
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