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S E R M É D I C O • 1 1 [4] ARQUIVO PESSOAL/LUDHMILA HAJJAR [4] O Espaço Imaginário para pacientes e seus familiares, no Incor, foi criado com o empenho de Ludhmila e da cantora Marisa Monte Ser — A sra. tem algum hobby para descontrair após uma rotina que deve ser extenuante? Ainda canta e toca violão? Ludhmila — Minha rotina é uma loucura, de poucas horas de sono e de muito trabalho, mas sou muitíssimo feliz com o que faço. Graças a Deus, dormir pouco para mim não faz diferença e consigo trabalhar de 19 a 20 horas por dia. Tenho dois hobbies: a leitura e a música. Sempre que tenho um tempinho, dou uma escapada para ir a algum show de um artista que eu goste. Acho que issome torna um pouco mais sensível para enxergar no ser humano aquilo que precisa ser visto. Sim, toco violão e canto, mas de um jeito nada profissional, só mesmo para relaxar um pouquinho. Algumas vezes, na terapia intensiva, pego o violão e toco uma ou duas músicas para alegrar meus pacientes naquele momento difícil. Pelo paciente, a gente faz qualquer coisa. Gosto de música popular brasileira (MPB), sou superfã daMarisaMonte, pois suas músicas sempre falam de amor e de transformação. Inclusive, ela é nossa parceira na Fmusp. Sob a liderança dela, criamos o Espaço Imaginário Marisa Monte, no Instituto do Coração (Incor), para aliviar as dores dos nossos pacientes e de seus familiares. É um lugar fantástico destinado à leitura, à música, à arte (inclusive manual), inaugurado cinco dias depois do meu concurso. É uma coisa linda, tudo feito com doação de pacientes. A Marisa e eu fizemos uma dupla para arrecadar as doações, com toda a capilaridade que ela tem, e conseguimos fazer esse espaço maravilhoso, para adultos e crianças, com o apoio da universidade. Ser — Para finalizar, tem mais projetos que a sra. pretende efetivar? Ludhmila — Sim, um deles é o Teleconsultoria em emergências, que deve ser uma parceria entre o HC- -Fmusp e o Ministério da Saúde, e quero desenvolvê-lo agora. Recentemente, eu, a professora Eloísa e o professor Carlotti levamos esse projeto para a ministra da Saúde, Nísia Trindade, e ela o recebeu super bem. O objetivo é termos plantonistas 24 horas para discutir casos com profissionais da saúde de todo o País. À medida que obtivermos recursos proporcionalmente maiores, ampliaremos o raio de ação da cidade de São Paulo para o nosso estado e, depois, para todo o Brasil. Isso pode modificar a vida dos pacientes nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) ou nos hospitais de atendimento secundário, pois muitas vezes há grande demora de acionamento, incapacidade de transporte ou de vagas. Enquanto isso, uma orientação 24 horas é fundamental para modificar o cenário do atendimento. Além disso, pretendo implementar, com a colaboração de toda a Fmusp, o cuidado ao paciente crítico, com a fusão entre emergências e terapias intensivas. Então, quando digo que é desafiador para mim estar à frente da disciplina de Emergências Clínicas, não é apenas olhar para o entorno do HC, e sim para todas as clínicas extramuros. Tenho certeza de que a gente pode fazer mais. Acredito que grandes universidades como a nossa podem ter um papel que vai além, o de modificar a história da vida das pessoas. Isso é o que mais me motiva.

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