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[2] S E R M É D I C O • 2 1 O movimento para a formação de profissionais em Medicina de Emergência, porém, já existia desde muito antes do reconhecimento formal da especialidade. Na década de 1990, já havia mobilizações no sentido de organizar a qualificação de profissionais que atuavam nas áreas de atendimento a pacientes em estado crítico e iniciativas de capacitação de atendimento pré-hospitalar. A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Fmusp) organizou a primeira disciplina de Emergências Clínicas do País, em 1992, e o caminho rumo à especialização continuou sendo trilhado. Em 1996, o Hospital de Pronto-Socorro (HPS), de Porto Alegre (RS), deu início a um programa de especialização em ME, nos moldes da Residência Médica que conhecemos no Brasil. No mesmo sentido, em 2008, um segundo programa de especialização foi instituído na cidade de Fortaleza (CE). Dessa forma, Porto Alegre e Fortaleza tornaram-se dois polos de ensino e incentivo à Medicina de Emergência (veja matéria da pág. 16 à 19). No Estado de São Paulo, as iniciativas em relação à residência começaram a surgir em 2016, logo após o reconhecimento da especialidade. O Hospital Santa Marcelina, localizado na zona leste da capital paulista, foi o primeiro centro a instituir um programa paulista de residência em ME. Provavelmente todos nós, médicos, que participamos da fase de implementação da Medicina de Emergência no País, temos uma visão parecida desse processo: a formação de uma nova especialidade é algo desafiador e de aprendizado para todos. Tanto os preceptores, formados em diversas especialidades, quanto os primeiros egressos dos cursos enfrentaram não somente o desafio de elaborar a adequada qualificação profissional na área, mas também o de esclarecer os demais médicos sobre o papel da Medicina de Emergência no contexto da assistência à saúde. É importante ressaltar que os serviços de emergência já existiam em praticamente todo o País — desde muito antes do movimento que culminou no reconhecimento da Medicina de Emergência —, com atuação de profissionais de diversas especialidades e áreas, muitos ainda sem formação adequada para esse atendimento. O receio de haver “invasores" ocupando setores que antes não contavam com profissional específico era constante. Nesse contexto, demonstrar como seria a atuação desses especialistas, no novo ambiente, era tão importante quanto montar uma grade curricular adequada para os futuros emergencistas. Ao mesmo tempo, ensinávamos quais seriam as atribuições desses profissionais; o mindset específico que deveriam ter para atuar em ME; e que não se tratava de uma subespecialidade das grandes áreas médicas, mas de uma especialidade em que o profissional transitaria por todas as Mapa dos médicos residentes em Medicina de Emergência no Brasil — 2021 [2] CREMESP/MANIPULAÇÃO DE IMAGEM DO ISTOCK DE MATTJEACOCK Fonte: site “Emergência já”

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