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S E R M É D I C O • 2 7 em evidências científicas robustas e treinamento técnico contínuo e, por isso, deveria também ter destaque junto aos gestores de serviços. Isso pode levar ao reconhecimento de que um especialista, além de produtivo, diminui os custos de unidades de saúde. Assim, o objetivo dos próximos anos será fortalecer o emergencista como gestor em unidades de atendimento de emergência. Em um cenário futuro, esperamos a criação de departamentos de emergência consolidados e liderados por especialistas emergencistas, modificando a performance de linhas de atenção nas mais diversas e graves situações, e certamente oferecendo desfechos melhores a muitos cidadãos e suas famílias, em todo o País. A especialidade desenvolve, ainda, habilidades de ensino e pesquisa e realização de procedimentos invasivos, com atenção especial ao manejo de via aérea e uso de ultrassonografia point of care. A valorização profissional também deve ser ponto de discussão contínua. Pesquisa divulgada em 2019 no Medscape Physician Compensation Report apontou que, nos Estados Unidos, a Medicina de Emergência ocupava o 13º lugar em remuneração salarial e o segundo lugar em realização pessoal, demonstrando que os emergencistas escolhem a carreira por ser gratificante, apesar do grau de responsabilidade envolvido na escolha. Outro dado, divulgado em 2022, apontou que, durante a pandemia de covid-19, os emergencistas foram os médicos que mais sofreram com burnout e sobrecarga de trabalho. A reflexão e a análise sobre ambas as pesquisas levam à conclusão de que é necessário garantir a melhoria da remuneração e a qualidade de trabalho dos emergencistas, uma vez que o amor pela especialidade já é fato consolidado. Desafios futuros, portanto, versam em torno da necessidade de investir cada vez mais no reconhecimento diferencial da especialidade, aumentando o número de serviços coordenados por emergencistas e buscando — a exemplo dos países onde já está consolidada — melhor qualidade de vida e remuneração desses profissionais, além de parcerias com as demais áreas médicas que continuam atuando nos departamentos de emergência. Cabe, assim, a cada emergencista mostrar o que de melhor pode oferecer ao seu serviço.  *Especialista em Medicina de Emergência e Medicina Intensiva, presidente eleito da Federação Latino-Americana de Medicina de Emergência (Flame) para a gestão 2024-2025. ** Especialista em Medicina de Emergência, ex-supervisora do Programa de Residência Médica de Medicina de Emergência do Hospital Santa Marcelina e conselheira do Cremesp. O emergencista é mais do que um plantonista, pois é um profissional em treinamento técnico continuo, cujas escolhas são baseadas em evidências científicas robustas [4] [4] PAPERKITES/ISTOCK

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