S E R M É D I C O • 1 7 pois detectam os potenciais doadores, realizam a manutenção e iniciam o protocolo de determinação de ME. Não há estudos conclusivos sobre a taxa ideal de aproveitamento, mas com base em resultados obtidos por alguns países, poderia ser: 85%para rim; 80%para fígado; 45% para coração; e 25% para pulmão e pâncreas. Na Figura 1, estão apresentadas as taxas de aproveitamento obtidas em 2022, as projetadas para 2028 e as consideradas ideais. Utilizando essa abordagem, em 2023 projetamos os números pmp para 2028. Com 30 doadores, poderemos realizar 50 transplantes renais, 20 hepáticos, 5 cardíacos, 2 de pâncreas e 2 de pulmão, beneficiando um número crescente de pacientes que aguardam uma nova oportunidade de vida. As medidas preconizadas para aumentar o aproveitamento dos órgãos são: melhorar as condições do doador através de manutenção adequada com emprego de diretrizes; liberalização dos critérios de aceitação de órgãos em relação à idade e ao tempo de isquemia fria; resultado da biópsia e presença de comorbidades; e melhora das condições dos órgãos com máquinas de perfusão. Finalmente, o ingresso em lista de espera em 2023 foi menor que o esperado, tendo sido de 73,6 pmp para o transplante renal (78%) e de 16,8 pmp (56%) para o fígado. Para os demais órgãos, o ingresso foi ainda menor: de 2,8 pmp (35%) para o coração, de 0,9 pmp (22,5%) para o pâncreas e de somente 0,6 pmp (7,5%) para o pulmão, refletindo o pequeno número de equipes de transplante deste órgão. O ingresso em lista de espera de todos os pacientes que necessitem de transplante é fundamental para garantir a equidade do sistema. Referências 1. Registro Brasileiro de Transplante. São Paulo: ABTO. Vol. 24, No. 3, Jan-Set 2023. 2. Garcia VD, Pestana JOMA, Pêgo-Fernandes PM. Is donation after circulatory death necessary in Brazil? If so, When? J Bras Pneumol. 2022;48(2):e20220050. Doi: 10.36416/1806-3756/e20220050 3. Garcia VD, Campos HH, Jota de Paula F, Panajotopoulos N, Pestana JOMA. Proposta de uma política de transplantes para o Brasil. In: Garcia VD, organizador. Por uma política de transplantes no Brasil. São Paulo: Office; 2000. p. 109-62. 4. Garcia VD; Pestana JOM; Pêgo-Fernandes PM. Organ donation consent after death. Sao Paulo Med J. 2023;142(2):e20241422. https://doi.org/10.1590/15163180.2024.1422.120324 5. Garcia VD, Keitel E, Abbud Filho M. Avaliação econômica do transplante renal no Brasil. In: Silva GB Jr, Oliveira JGR, Barros E, Martins CTB. A Nefrologia e o Sistema de Saúde do Brasil. São Paulo: Livraria Balieiro; 2019. p. 175-200. 6. Brasil. Lei nº 14.722, de 8 de novembro de 2023. Institui a Política Nacional de Conscientização e Incentivo à Doação e ao Transplante de Órgãos e Tecidos. Diário Oficial da União. 2023;1:1. *MD, PhD. Diretor do Departamento de Transplante de Rim e de Pâncreas da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (RS) e Doutor em Nefrologia pela Universidade de São Paulo (SP). **MD, PhD. Professor titular da disciplina de Nefrologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e diretor superintendente do Hospital do Rim, São Paulo (SP).***MD, PhD. Vice-Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e professor titular do Departamento de Cardiopneumologia da FMUSP, São Paulo (SP). Figura 1. Taxas de aproveitamento dos órgãos obtidas em 2022, projetadas para 2028 e consideradas ideais (porcentagem). 2022 Meta 2028 Ideal Taxa de aproveitamento: Rim 65 73 85 80 64 10 16 45 3,5 3 6,7 6,7 25 25 55 Fígado Coração Pâncreas Pulmão 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0
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