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S E R M É D I C O • 2 3 dança de paradigma na Medicina, amalgamando a Engenharia e a Biologia para reimaginar o que é possível na área da Saúde. A essência da biofabricação reside na sua capacidade de criar tecidos e órgãos vivos do zero. Essa nova área do conhecimento cruza várias camadas de complexidade: das interações moleculares dentro da matriz extracelular aos desafios arquitetônicos de criar tecidos que não apenas sobrevivam, mas prosperem dentro do corpo humano. Para ultrapassar esses desafios, a bioimpressão é um dos cernes fundamentais da biofabricação, caracterizando-se por um processo inovador que utiliza tintas biológicas, tradicionalmente chamadas de biotintas, compostas de células vivas e biomateriais, acompanhadas ou não de fatores tróficos, e que permitem a construção, camada por camada, de tecidos e órgãos, como numa impressora 3D convencional. [2] Além da bioimpressão, a biofabricação abrange um conjunto diversificado de tecnologias, com o objetivo de integrar células e biomateriais em sistemas biológicos complexos. Esse processo é fundamental para impulsionar os avanços em Engenharia de Tecidos e Medicina Regenerativa. A eletrofiação cria fibras ultrafinas que imitam a matriz extracelular; os métodos de self-assembly promovem a formação espontânea de estruturas funcionais a partir de componentes básicos; a microfluídica utiliza canais minúsculos para controlar precisamente o movimento de líquidos, o que facilita a criação de modelos de órgãos em miniatura em chips; os biorreatores recriam ambientes fisiológicos ideais para o desenvolvimento e maturação de tecidos. Juntas, essas e outras tecnologias compõem o arsenal da biofabricação, contribuindo, cada uma à sua maneira, para a construção de tecidos e órgãos funcionais. Essa sinergia entre diversas abordagens está acelerando o progresso nesse campo e ampliando suas possibilidades de maneira significativa. Empresas pioneiras, como a Cutiss, da Suíça, e a 3D Bio-Tissues, dos Estados Unidos, representam bons exemplos de aplicação dessas tecnologias para o desenvolvimento de tecidos em laboratório, com aplicações práticas e impacto real na vida dos pacientes. A Cutiss se especializou na biofabricação de pele, enquanto a 3D Bio-Tissues avançou no desenvolvimento de córneas e orelhas. Ambas as empresas já trabalham com a implantação de tecidos em pacientes, demonstrando o potencial tangível dessa tecnologia. Na TissueLabs, startup de biotecnologia fundada no Brasil e, posteriormente, transferida para a Suíça, focamos na criação dos building blocks fundamentais para a biofabricação de tecidos. Essa tecnologia abrange desde bioimpressoras até os biomateriais que formam as biotintas e, atualmente, é utilizada por milhares de pes- [2] SITE TISSUELABS Os avanços no desenvolvimento de biomateriais inteligentes que respondem dinamicamente ao ambiente Hidrogel MatriXpec oferece microambiente específico para cultura de células 3D

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