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[2] HTTPS://TWITTER.COM/FOAMECMO/STATUS/1443929147353583616/PHOTO/2 S E R M É D I C O • 2 9 que possui uma grande extensão territorial e uma baixa taxa de aproveitamento dos enxertos, associada a um alto número de recusas familiares. Diante do exposto, algumas reflexões se tornam necessárias: Historicamente, tanto o DCD quanto o DBD foram e sempre serão um dilema ético. Alguns países, como a Austrália, proíbem a prática do DCD. Outros, como os Estados Unidos e o Reino Unido, têm leis que apoiam essas práticas, amparando inclusive os profissionais engajados em todo o processo de cuidado que envolve a prática nos dias de hoje, incluindo a PRN. Em função do debate em torno dos aspectos éticos da obtenção e utilização de um coração mantido em PRN, é de suma importância que haja clareza na comunicação com toda a sociedade, por meio do acolhimento e do total esclarecimento dessa técnica, especialmente com as famílias dos doadores, para que se possam evitar mal-entendidos. Está muito bem estabelecido, principalmente nessas últimas seis décadas, que a morte encefálica é eticamente equivalente ao óbito do paciente, uma vez que o cérebro é essencial para realizar o importante trabalho de integração das funções do corpo todo. Sem ele, a pessoa, enquanto organismo, não seria capaz de desempenhar suas funções. Da mesma forma, a morte circulatória requer “um estado de cessação irreversível nas funções circulatória e respiratória”. Nesse sentido, a morte, de acordo com os critérios circulatórios, compartilha um fio de perda de toda a função cerebral, segundo o “conceito unificador de morte”. Portanto, o conhecimento de novas técnicas, bem como o amplo debate entre médicos, juntamente com toda a sociedade, é de vital importância. No passado, a Ciência avançou mais rapidamente que as leis, inexistentes até aquele domingo de 1967 na África do Sul. Nesse momento, temos a chance de trazer o conhecimento e discuti-lo de forma ampla, para que essas inovações tecnológicas sejam utilizadas em favor da própria sociedade, ressignificando as inúmeras perdas de entes queridos quer à espera de um órgão para transplante, quer pela perda inesperada que ocorre com um doador.  *MD, PhD. Vice-Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP); professor titular do Departamento de Cardiopneumologia da FMUSP, São Paulo (SP), Brasil. **MD. Cirurgião Cardiovascular do Núcleo de Transplantes do Instituto do coração (InCor) do Hospital das Clínicas da FMUSP; membro do Departamento de Transplante Cardíaco da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), São Paulo (SP), Brasil. [2] Perfusão regional normotérmica para recuperação de órgãos in situ

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