SM_104_WEB

3 4 • S E R M É D I C O [1] DELIHAYAT/ISTOCK M E D I C I N A N O M U N D O M E D I C I N A N O M U N D O TRANSMISSAO IATROGÊNICA DE ALZHEIMER É RELATADA PELA 1ª VEZ Situações raras de desenvolvimento precoce de Alzheimer vinculadas a um tratamento descontinuado na década de 1980 foram publicadas em um artigo na revista Nature. Nesse caso, o estudo traz as primeiras evidências relatadas sobre a transmissão iatrogênica da doença entre pessoas que receberam hormônio de crescimento contaminado, derivado da hipófise humana cadavérica (c-hGH). Pesquisadores ingleses do Institute of Prion Diseases, da University College London (UCL) e do National Hospital for Neurology and Neurosurgery (NHNN) forammotivados pela hipótese de esse fenômeno ser semelhante ao ocorrido com uma forma inesperada de propagação da doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) em pacientes que passaram por tratamento com c-hGH infectado pela inoculação acidental de príons (partículas infecciosas proteicas responsáveis por doenças neurológicas). Ao se identificaremmais de 200 casos de DCJ iatrogênica, foi interrompida uma abordagem usada entre 1959 e 1985, que envolveu 2 mil pessoas só no Reino Unido. O novo estudo usou dados da National Prion Clinic (NPC), que faz parte do sistema de referência nacional do Reino Unido para suspeitas de doença por príons. Em meio ao contingente de pacientes cujos casos foram referidos ou revistos, entre 2017 e 2022, pelo menos oito apresentavam características de Alzheimer precoce. Cinco deles receberam c-hGH quando crianças e apresentaram demência entre 38 e 49 anos, e outros dois aos 55. A latência da exposição ao c-hGH foi de três a quatro décadas. Esses sintomas são resultado da possível transmissão iatrogênica da proteína beta-amiloide (Aβ), componentechave do Alzheimer, sugere o estudo. O acúmulo anormal dessa proteína pode ter conexão com os primeiros sintomas de demência experimentados pelos envolvidos. Os achados apontaram ainda que os indivíduos que tiveram infecção iatrogênica diferem fenotipicamente daqueles com doença esporádica e familiar, distinguindo-se quanto à apresentação clínica, à progressão e às características neuropatológicas. Para os pesquisadores, embora a doença de Alzheimer iatrogênica seja rara e não haja nenhuma evidência de que a Aβ possa ser transmitida entre indivíduos nas atividades rotineiras, seu reconhecimento enfatiza a “necessidade de reverem-se medidas para prevenir transmissões acidentais em outros procedimentos médicos e cirúrgicos”. Eles ainda ressaltam que os casos descritos na pesquisa desenvolveram sintomas após exposição repetida ao c-hGH contaminado ao longo de anos. Veja a íntegra do estudo em: https://www.nature.com/articles/ s41591-023-02729-2. Fontes: Nature e CNN. [1] Concília Ortona Reyes ˜

RkJQdWJsaXNoZXIy NjAzNTg=