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6 • S E R M É D I C O E N T R E V I S TA oltar a ser capaz de fazer, sozinho, coisas comuns, como se vestir, escovar os dentes ou se pentear, e um dia poder retornar ao trabalho: essas foram as principais motivações para que o estadunidense Joseph DiMeo (ou Joe) entrasse para a história da Medicina, em agosto de 2020, como o primeiro paciente a ser submetido, com sucesso, a um transplante de face e de mãos — outros dois haviam sido tentados, mas não deram certo. Pelos riscos de complicações, a equipe de transplantes de face do New York University (NYU) Langone Center, nos Estados Unidos, liderada pelo cirurgião plástico Eduardo Rodriguez, foi cautelosa e esperou seis meses para divulgar os resultados. Quase quatro anos depois, Joe continua bem e sem sombra de rejeição — temor constante dos transplantados —, e reconhece ser “incrível” ter sobrevivido a queimaduras de terceiro grau em mais de 80% do corpo que o acometeram em 2018, quando seu carro capotou e pegou fogo. Ao acordar do coma, três meses e meio depois, soube dos ferimentos extensos — incluindo pontas dos dedos amputadas, cicatrizes faciais graves e ausência de lábios e pálpebras, que afetaram sua visão, suas atividades diárias e limitaram sua funcionalidade —, e então iniciou a trajetória de mais de 20 cirurgias reparadoras. “A coisa mais difícil foi ser obrigado a voltar para a casa dos meus pais, precisar deles para cuidar de mim. Desde os 18 eu já era super independente”, revela o rapaz, de 24 anos, em entrevista exclusiva à revista Ser Médico. Simpático, diz não ter reclamações quanto à nova aparência. “A pele nova não estava queimada, fiquei é bem feliz”. Aos poucos vem retomando a vida, em companhia de seus cães e da namorada, Jessica, enfermeira que conheceu na internet depois do acidente e que o ajuda em desafios singelos, como montar carros antigos com Lego. Confira a íntegra da entrevista. Transplante de face e de mãos: o lado do paciente V | J O E D I M E O Concília Ortona Reyes

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