Em 1896, a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, criou o primeiro laboratório de fisiologia do exercício sob a direção de Dudley Sargent. No mesmo ano, o movimento ganhou força com as Olimpíadas modernas, iniciadas em 1896, que impulsionaram o interesse pela ciência do esporte. Modernamente, conceitua-se a Medicina Esportiva como a especialidade médica que se ocupa em avaliar, acompanhar e orientar os praticantes de atividade físico- -desportiva antes, durante e após a prática de diferentes modalidades, não só direcionada a atletas de alto nível, como também a não atletas, incluindo pessoas portadoras de diferentes doenças, que procuram utilizar o exercício físico como meio de melhorar sua saúde, além de sua reconhecida importância na prevenção e tratamento de diversas morbidades. Por isso, em 2006, com o intuito de consolidar essa sua ampla área de atuação, a sociedade representativa da especialidade, no país, passou a se chamar Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE). No Brasil, a Medicina Esportiva começou a ganhar relevância no início do século 20. A influência europeia e norte-americana foi crucial, com médicos brasileiros buscando formação no exterior. O Instituto Nacional de Educação Física, criado em 1939, na cidade do Rio de Janeiro, foi um marco importante, sendo um dos primeiros a oferecer cursos voltados para a educação física e saúde. Consolidação da especialidade A Medicina Esportiva se firmou como uma especialidade médica durante a segunda metade do século 20. Em 1952, a Fédération Internationale de Médecine Sportive (FIMS) foi fundada para promover o seu desenvolvimento em nível global. Nos Estados Unidos, a American College of Sports Medicine (ACSM), criada em 1954, tornou-se uma das instituições mais influentes na área, promovendo pesquisas e práticas clínicas baseadas em evidências. No Brasil, a especialidade começou a se organizar formalmente nas décadas de 1960 e 1970. Um passo importante foi a fundação da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE), em 1962, representando um avanço e a consolidação da área no País. Atualmente, sob a presidência de Fernando Carmelo Torres, a SBMEE atua na organização de congressos, cursos e publicações científicas, promovendo a formação e atualização dos profissionais da área. A Medicina Esportiva enfrentou vários desafios iniciais para ser S E R M É D I C O • 1 3 consolidada. Um dos principais foi a falta de reconhecimento e valorização da especialidade dentro da comunidade médica. Além disso, havia uma carência de pesquisas científicas robustas que comprovassem os benefícios do exercício para a saúde, dificultando a implementação de práticas baseadas em evidências. Outro problema significativo foi a resistência cultural. Em muitas sociedades, a prática regular de exercícios físicos não era amplamente valorizada, e o esporte era visto mais como uma atividade recreativa do que como uma ferramenta para a saúde. Esse cenário começou a mudar a partir das décadas de 1960 e 1970, com o aumento da conscientização sobre os benefícios do exercício físico, impulsionado por estudos epidemiológicos que mostravam a relação entre atividade física e redução de doenças crônicas. Os desafios foramaindamaiores para os médicos brasileiros devido à falta de infraestrutura e recursos. A formação de profissionais especializados era limitada e havia pouca integração entre as áreas de Educação Física e Medicina. Além disso, a prática esportiva no País era predominantemente voltada para o futebol, deixando outras modalidades e a própria Medicina Esportiva em segundo plano. Avanços científicos e tecnológicos O final do século 20 e o início do século 21 foram marcados por avanços significativos na especialidade, tanto no Brasil quanto no mundo. A pesquisa científica se expandiu, com estudos detalhando os mecanismos fisiológicos do exercício, o impacto da atividade As Olimpíadas modernas, iniciadas em 1896, impulsionaram o interesse pela ciência do esporte
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