2 2 • S E R M É D I C O D O S S I Ê : MED I C I NA E S PORT I VA | E M F O C O [2] PEOPLEIMAGES/ISTOCK cerebral. Embora falte compreensão detalhada da fisiopatologia da concussão, estudos utilizando o modelo de percussão de fluido suave apoiam a ideia de que o evento inicial envolve o alongamento e a ruptura das membranas celulares neuronais e axonais, associadas a importantes alterações do metabolismo oxidativo e equilíbrio iônico. Cascatas e processos adicionais podem, dessa forma, iniciar ou resultar em apoptose, ativação da calpaína-caspase, disfunção mitocondrial, formação de radicais livres, neuroinflamação, alterações do fator de crescimento, processos inflamatórios, alterações de autorregulação e cascata amiloide. Diagnóstico e avaliação clínica Diagnosticar e tratar a concussão continua sendo um desafio para todas as idades. Até o momento, não existe uma ferramenta padrão-ouro, o diagnóstico é amplamente baseado na sintomatologia. Além disso, o traumatismo cranioencefálico leve é, frequentemente, uma lesão em evolução com sinais e sintomas que podem ser tardios, o que complica ainda mais o diagnóstico e o manejo. Como resultado, qualquer pessoa com uma concussão aguda suspeita ou confirmada deve ser reavaliada em série nas horas e dias subsequentes. Os testes iniciais são de uso limitado, especialmente na população pediátrica, devido ao desenvolvimento neurocognitivo contínuo. A maioria dos pacientes (mais de 90%) com diagnóstico de concussão não apresenta perda de consciência associada. A Sport Concussion Assessment Tool (SCAT) e o ChildSCAT demonstraram ser os mais eficazes na discriminação de diagnóstico entre atletas com concussão e sem concussão, dentro de 72 horas após a lesão e até 5 a 7 dias após a lesão. O SCAT, escala validada para o português, é recomendado para avaliar indivíduos com 13 anos ou mais, enquanto o ChildSCAT é recomendado para avaliar crianças entre 5 e 12 anos de idade. A utilidade clínica de ambas as ferramentas diminui após 72 horas, momento em que a avaliação deve fazer a transição para a Ferramenta de Avaliação do Sport Concussion Office. À medida que a compreensão da sintomatologia da concussão evoluiu, a literatura recente descreveu subtipos distintos que incluem sintomas representativos de dores de cabeça ou enxaquecas pós- -traumáticas, disfunção vestibular, anormalidades oculares, déficits cognitivos, distúrbios cervicogênicos e de ansiedade ou humor. Os pacientes podem apresentar um ou vários subtipos, o que pode levar a um quadro clínico complicado, com tempos de recuperação possivelmente prolongados. Os sintomas mais comuns em adultos e crianças incluem dor de cabeça, fadiga e tontura, mas sua sensibilidade/especificidade diagnóstica permanece incerta. Manejo e retorno ao esporte Após a realização do diagnóstico, a conduta fundamentalmente baseia-se em medidas de proteção cerebral para evitar uma síndrome de segundo impacto, uma lesão cerebral grave associada à hipertensão intracraniana e edema, cuja fisiopatologia envolve perda de autorregulação e disfunções microgliais. Entre essas medidas, estão o afastamento das atividades e o repouso. O diagnóstico da concussão é amplamente baseado na sintomatologia [2]
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