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S E R M É D I C O • 2 3 Embora seja razoável incentivar o repouso durante o período agudo pós-lesão (isto é, as primeiras 24 a 48 horas), o paciente deve retornar gradualmente à atividade. No entanto, não existe um momento ideal para o período de descanso inicial. E não há evidências de que a medicação melhore a recuperação após uma concussão. Em geral, são usadas medicações sintomáticas. Um atleta com histórico de uma ou mais concussões corre maior risco de ser diagnosticado com outro episódio, sendo que os primeiros 10 dias após uma delas parecem ser o período mais crítico para ser diagnosticado com esse tipo de trauma. Especialistas treinados no tratamento de concussões devem procurar pelos sintomas contínuos, o histórico de concussões e a idade em que ocorreram. Os fatores de risco associados ao comprometimento neurocomportamental crônico em atletas profissionais incluem a concussão prévia, a exposição mais longa ao esporte e a presença do gene ApoE4. As listas de verificação de sintomas — Avaliação Padronizada de Concussão, testes neuropsicológicos (papel e lápis e computadorizados) e Sistema de Pontuação de Erros de Equilíbrio — podem ser ferramentas úteis no diagnóstico e gerenciamento de concussões, mas não devem ser usados isoladamente. Embora um atleta deva ser imediatamente retirado do jogo após uma lesão cerebral traumática, não há evidências suficientes para apoiar o repouso absoluto após o episódio. Complicações Entre as lesões, destaca-se a encefalopatia pós-traumática crônica (CTE). Concussões repetidas e mal controladas têm sido associadas a condições como demência e encefalopatia traumática crônica. A CTE é considerada uma tauopatia, juntamente com a doença de Alzheimer e outras patologias neurodegenerativas, e apresenta sintomas similares de comprometimento cognitivo acentuado, gerando marcante agravo em fases mais tardias de vida de jogadores vítimas de concussões repetidas. Embora protocolos e algoritmos refinados para diagnóstico imediato e tratamento de atletas comconcussão tenham sido desenvolvidos, a adesão a essas medidas ainda é insatisfatória. É essencial que médicos promovam a adequada aplicação de medidas de afastamento do atleta, em caso de diagnóstico de concussão, assim como adotem um protocolo para liberação de retorno à atividade esportiva.  *Professor livre docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) - Departamento de Neurologia. Figura 1. Alterações encefálicas na concussão cerebral [3] [3] ADAPTADO DE WELLINGSON PAIVA

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