Esse modelo tem sido aplicado pela maioria das instituições esportivas, com maior ou menor sucesso, devido à dificuldade de controle de tantas variáveis. A partir da conceituação epidemiológica, foi possível atualizar as medidas preventivas e de melhora na capacidade de os tecidos suportarem as cargas esportivas. Algo em comum nos modelos é que as mesmas condições que podem causar lesões podem atrasar a sua recuperação. Recovery O período entre uma carga esportiva e a prontidão para uma nova atividade é denominado recovery — que é diferente do tempo de afastamento de treinos por ocorrência de lesão. A revisão sistemática dos últimos cinco anos resultou em um consenso em relação à pirâmide de prioridades na recuperação para a prontidão esportiva: 1 – Não haverá eficiente recuperação sem o atleta ter, regularmente, um sono reparador. Um ou mais períodos de descanso entre treinos são necessários. 2 – Nutrição e hidratação são fundamentais. O controle da hidratação é realizado por testes de urina; e o aporte adequado de nutrientes deve atentar para a recuperação proteica e dos níveis de glicogênio muscular e hepático. 3 – Imersões em água fria ou quente ou de contraste entre as duas temperaturas são indicadas. 4 – Medidas de mioterapia, como as terapias compressivas, massagem desportiva, liberação miofascial e tratamentos como o dry needling, têm benefícios para o controle da DMIT, redução da dor e melhora da mobilidade dos tecidos. A recuperação ativa, por caminhada, corrida lenta e fácil, natação etc., pode ter efeitos psicológicos e físicos positivos. 5 – Com bem menor evidência, as terapias com eletroestimulação muscular, crioterapia e vibração isolada podem trazer benefícios. 6 – Com baixíssima ou nenhuma evidência, encontram-se os “modismos de recuperação”, que podem ser populares entre atletas de elite. Esses “modismos”, provavelmente, desperdiçarão tempo e dinheiro, embora possam funcionar como efeito placebo para alguns. Os esportes de alto rendimento misturam muitas dessas terapias, de acordo com os recursos, a cultura local e a maior ou menor presença de profissionais de saúde experientes. Há inúmeras formas de tratar cada tipo de lesão esportiva, e os maiores avanços estão no campo das infiltrações, como os novos compostos ortobiológicos — que imitam substâncias do próprio organismo. Outro avanço foi o tratamento multimodal da dor, visto que, muitas vezes, ela não está vinculada à gravidade da lesão. Alguns impactos provocam muita dor na prática esportiva, porém com baixo dano tecidual, mas o inverso também ocorre. No campo cirúrgico, os procedimentos estão cada vez menos invasivos. Atualmente, meniscos são suturados e não mais retirados, ligamentos são reconstruídos com maior segurança e resistência, cartilagens estão sendo substituídas por componentes artificiais que as imitam e podem até estimular a produção. O conjunto de controle dos indicadores e o entendimento cada vez mais acurado do sistema complexo de lesões, aliados aos avanços tecnológicos, são os elementos-chave para reduzir incidências e gravidades desses machucados. *Especialista em Ortopedia e Medicina Esportiva e coordenador de Saúde do Comitê Paralímpico Brasileiro. [2] Há inúmeras formas de tratar cada tipo de lesão esportiva, e os maiores avanços estão no campo das infiltrações D O S S I Ê : MED I C I NA E S PORT I VA | T E C N O LO G I A [2] MINISERIES/ISTOCK 3 0 • S E R M É D I C O
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