3 6 • S E R M É D I C O [1] ARQUIVO PESSOAL/ANTONIO AUGUSTO NUNES DE ABREU H O B B Y Passagem em direção Lhasa no Tibete Terapia do pedal que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim, terás o que colher.” Os versos da poetisa goiana Cora Coralina retratam bem a caminhada — no caso, sobre duas rodas — do médico ortopedista Antonio Augusto Nunes de Abreu, que há vários anos faz viagens de bicicleta. Pedala sem pressa, no sol ou na chuva, conhecendo gente e bichos e percorrendo de bicicleta cidades, estradas, vales, montanhas e pensamentos. Mais que ir, é sempre o entorno que o fascina e o leva à reflexão. Em cada parada, a certeza de que se trata de apenas uma pausa para novas aventuras. “Viajando devagar, de bicicleta, temos uma oportunidade única de observar coisas impossíveis de serem vistas ou apreciadas em um percurso de carro, ônibus ou trem. São peque- "O [1] Nara Damante nos vilarejos, conversas com locais e paisagens que passariam despercebidas numa jornada mais rápida. Você literalmente muda o jeito de encarar as coisas”, conta. As viagens acontecem nas férias. Ele não tem automóvel e usa a bicicleta no cotidiano para ir de casa, em Higienópolis, ao consultório no Hospital Israelita Albert Einstein e também à sede do Cremesp (na região da Paulista), do qual é conselheiro na atual gestão. O ciclismo de competição nunca esteve no seu horizonte, mas a escolha da Ortopedia aconteceu por conta das paixões pelos esportes — ele também pratica natação e pilates. Já a opção pela Cirurgia de Mão foi inspirada no Instituto de Ortopedia e Traumatologia da FMUSP. Também fez carreira na Polícia Militar, aposentando-se neste ano como coronel médico. SONHO DE NATAL Diferente da geração atual, o sonho das crianças da década de 1970 era ganhar uma bicicleta de presente de Natal. “Infelizmente andar de bicicleta deixou de ser um sonho para as crianças atualmente. O desejo dessa geração é ganhar um videogame de última geração. Fico perplexo no consultório quando pego pacientes de 8 a 10 anos de idade que ainda não sabem andar de bicicleta sem rodinhas”, comenta. Nas memórias do médico está a primeira bicicleta, conquistada quando ele tinha seis anos. A partir daí, começou a usar a bike para as mais variadas atividades, inclusive como meio de transporte ao ingressar na Faculdade de Medicina da USP, quando isso não era nada comum. Falamos de uma época em que as ciclovias eram raras no País.
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