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S E R M É D I C O • 3 7 Serra do Rio do Rastro, Santa Catarina Acampamento base do Monte Everest no Tibete [2] [3] [2 E 3] ARQUIVO PESSOAL/ANTONIO AUGUSTO NUNES DE ABREU DESACELERAR E CURTIR “Viajar de bicicleta não exige um grande condicionamento ou treinamento. É algo mais filosófico que físico, uma forma de sair da loucura e correria do ritmo da Medicina. Tem a ver com desacelerar e curtir”, garante Abreu. Segundo ele, o mais importante é saber “viajar leve”, ou seja, aprender o que levar numa viagem. Na mochila, apenas o necessário e sem comprar muitas “tranqueiras”. “O grande desgaste numa viagem deste tipo é cada dia dormir num lugar diferente, é um fazer e desfazer a mala que não tem fim!”, acredita. O médico confessa que a vontade de comprar algo já bateu, mas não havia como transportar. Então, é curtir a paisagem, tirar muitas fotos e imortalizar o momento, afinal a vida é feita desses momentos. Ele explica que há roteiros de viagens de bicicleta para todos os gostos, bolsos e preparos físicos. Desde a versão “raiz”, sem apoio e autossuficiente, até as com bicicletas elétricas e apoio terrestre, curtindo o charme de bons hotéis. E se antes era caro fazer longas viagens de bike porque precisava orquestrar os carros de apoio e guias, com a internet há opções disponíveis em que você é seu próprio guia, com translado da bagagem feito por vans e aplicativo de mapas pelo celular. Para começar no cicloturismo, ele explica que o principal é “calejar” os glúteos. Muito mais que um super preparo físico, é preciso estar confortável para ficar várias horas sentado em cima da “magrela”. INÍCIO DAS AVENTURAS O começo de suas aventuras ciclísticas foi no Caminho da Fé, que vai de Tambaú (SP) a Aparecida do Norte (SP), atravessando o Sul de Minas Gerais. Ele reconhece que não há cultura nem estrutura adequada para viajar de bicicleta pelo Brasil. Por isso, encontra mais facilidades no exterior, especialmente na Europa, onde várias vezes já cruzou com idosos com mais de 70 anos viajando sobre duas rodas. Essa é uma grande diferença com o nosso País, que “guarda e protege” seus idosos dentro de casa. Na Europa, é comum encontrar pessoas demais idade andando e pedalando pelas ruas. “Infelizmente, no Brasil, temos a cultura norte-americana de usar o carro para tudo”. Abreu relata que a viagem pelo Caminho de Santiago (Espanha) — percurso francês e português — foi icônica e lhe abriu a mente para começar suas incursões internacionais mais longas. Na verdade, transformou-se em um presente que ele se deu quando completou 40 anos de idade, em 2008. Foi uma grande oportunidade para sair da loucura do dia a dia e repensar a vida e a carreira. “O Caminho de Compostela é uma viagem para se fazer sozinho e se surpreender com as pessoas e lugares que você encontra no percurso. Imagine assistir a uma missa para os peregrinos, que é realizada há mais de mil anos, numa igreja românica, num vilarejo perdido no meio dos Pirineus (Roncesvalles). Literalmente, não tem preço!”, recorda. A partir daí, como ele diz, “embalou” e saiu arrastando pneu pelo mundo afora,

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