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3 8 • S E R M É D I C O [4 E 5] ARQUIVO PESSOAL/ANTONIO AUGUSTO NUNES DE ABREU H O B B Y [4] [5] pela região vinícola do Rio Grande do Sul; cânions de Itambezinho; litoral da Bahia; Estrada Real (de Diamantina a Parati) e Chapada Diamantina. “Nas viagens de bicicleta, normalmente evitamos a ‘muvuca’ das grandes cidades e aglomerações. O gostoso é curtir o charme dos pequenos povoados”, recomenda. No exterior, além do Caminho de Santiago, realizou as travessias dos Andes (Mendoza a Santiago do Chile), do Himalaia (Katmandu a Lhasa), do Mar do Norte (Bélgica- -Holanda); do deserto do Atacama; e do sul da Itália (Puglia). MECA DA BICICLETA A Holanda sempre foi considerada a “meca” para os amantes da bicicleta, além de um relevo totalmente plano, sem nenhuma subida, fácil para pedalar. “Lá tudo é construído e planejado para usar as bikes. Eles fazem literalmente tudo de bicicleta: vão para o trabalho, levam as crianças para a escola, compras no mercado, fazem mudanças... Você percebe um povo muito mais ativo que o nosso”, analisa. Já na viagem ao Tibete, em 2013, encontrou uma agência de viagens italiana, que fazia o serviço de logística. Lá ficou um mês e meio, a maior parte em cabanas de camponeses. A paisagem era incrível, isolada do resto do mundo. “Imagina como foi para mim, que sempre vivi numa cidade grande como São Paulo, conviver 45 dias com camponeses isolados no meio do Tibete! É normal depois de uma experiência como essa começar a repensar o seu estilo de vida”, afirma. Um dia, teve que pedalar em alta velocidade para fugir de um mastim tibetano, um cachorro enorme, de pelo volumoso, antissocial, que ajuda na proteção dos iaques (tipo de boi local). Precisou desapegar de luxos e manter a cabeça leve. “Levamos na vida muita coisa das quais não precisamos”, comenta. Aliás, foi na travessia para o Himalaia que passou o maior perrengue. Sozinho, no meio das montanhas, dormindo na cabana de um camponês, acordou de madrugada com cólica renal! Sabia que não tinha ninguém que poderia ajudá-lo ali. Estava a dois dias da capital nepalesa e sabia que tinha que sair dali. Foi às custas de muito analgésico que pegou a bicicleta e foi pedalando até Kathmandu. Quando finalmente chegou ao aeroporto, conseguiu expelir uma pedra no mictório. “Depois dessa, não adiei mais minha cirurgia de cálculo renal e resolvi me cuidar”, confessa. PARTE DO PACOTE Embora seja difícil convencer seus amigos médicos a realizar este tipo de aventura, a esposa, Luciana, começou a acompanhá- -lo, sob algumas condições. “Ela foi comigo para Bahia, para Puglia e também norte da Europa. No final de cada dia, ficávamos em um hotel charmoso e íamos comer em bons restaurantes. Depois disso, ela começou a achar que valia a pena todo o sofrimento”, diz ele, aos risos. “Nós nos conhecemos em um passeio ciclístico numa fazenda de café, em Itu. Ela logo percebeu que a bicicleta fazia parte da minha vida e do pacote”, conta. Já as filhas Beatriz e Sofia, de 29 e 21 anos, não são aficionadas por bike, mas ele não perde as esperanças de um dia, em breve, conseguir fazer uma viagem de bicicleta com toda a família.  Moinhos de Kinderdijk – Holanda “A Puglia é ainda uma região pouco procurada pelos brasileiros na Itália, mas uma das mais bonitas. Você pedala ao lado de um mar cor azul turquesa indescritível e para em cidades como Polignano a Mare, considerada uma das mais charmosas do mundo”, elogia Abreu

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