SM_105

S E R M É D I C O • 7 [1] ARQUIVO PESSOAL/RODRIGO CARNEIRO SASSON [1] Ser Médico – Quem se interessa por Medicina Esportiva, em geral, é o ortopedista, como o senhor? Rodrigo Sasson — Em números absolutos, a Ortopedia é a especialidade que congrega mais médicos no esporte, pois as demandas musculoesqueléticas são as mais frequentes. Por isso, muitos ortopedistas estão na área, mas para terem o título precisam passar por pós-graduação ou residência. A Medicina Esportiva é hoje uma especialidade reconhecida com residência direta, sem a necessidade de cursar antes outra, como Ortopedia ou Cardiologia. A barreira para a formação é que não há tantas residências nessa área. Para ter uma ideia, o Rio de Janeiro, onde moro, não dispõe de nenhuma. Eu mesmo fiz pós-graduação no Comitê Olímpico Internacional. Apesar dessas dificuldades, considero que essa talvez seja a área médica mais completa, pois envolve, além de médicos ortopedistas, cardiologistas, neurologistas, reumatologistas, e até psiquiatras, entre outros, e todos se complementam no esporte de alguma forma. Ser — Antes de ser médico chefe do COB, o senhor trabalhou na recuperação de atletas como a ginasta Rebeca Andrade e a nadadora Ana Marcela Cunha, ambas medalhistas olímpicas. Durante as competições o médico acaba se tornando umtorcedor? Sasson — Com certeza. Muito além do âmbito técnico, a Medicina é principalmente humana. Não há como não se envolver com alguém que faz parte da nossa vida, da nossa rotina, com uma pessoa para a qual trabalhamos pelo melhor. No fundo, é o grande objetivo da Medicina Esportiva, com o apoio da equipe multidisciplinar, trabalhar, estudar, enfim, empenhar-se pelo ideal da saúde e da performance do atleta, para que ele possa desempenhar sua modalidade feliz, atingindo todos os resultados almejados. Oito anos atrás, ao integrar o COB, comecei a atuar junto às atletas da ginástica artística. A partir daí, criamos um forte vínculo com as meninas que agora se tornaram medalhistas olímpicas em Paris, como Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Lorrane Oliveira, Julia Soares e Jade Barbosa. Algumas ainda nem tinham 18 anos! Passamos juntos por muitas lesões, mas, pelo lado bom, conseguimos o aprimoramento no ambiente de trabalho, a fim de torná-lo mais humano e saudável, o que traz consequências no resultado. Nessa trajetória, todos nos identificamos bastante, pois, da mesma forma que os atletas, médicos e outros profissionais da saúde precisam abrir mão de tantas coisas particulares, privarem-se da própria casa e convivência familiar, em prol Não conheço País que valorize mais o aspecto humano nas competições do que o Brasil

RkJQdWJsaXNoZXIy NjAzNTg=