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Edição 85 - Outubro/Novembro/Dezembro de 2018

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Resenha

Tolstói e os cuidados médicos

Por Paulo Cesar Rozental Fernandes*

“respice finem”*
“Para Ivan Ilitch, só uma questão era importante: sua situação era grave ou não? O médico, porém, ignorava essa questão descabida. Do ponto de vista do doutor, tal questão era ociosa e indigna de ser debatida, e havia apenas a avaliação das possibilidades: rim solto, catarro crônico e doença do ceco. Não havia questão sobre a vida de Ivan Ilitch, mas havia questão entre o rim solto e o ceco.”

Ivan Ilitch, membro de um tribunal russo, é o protagonista do clássico de Lev Tolstói: “A morte de Ivan Ilitch”. O autor faz críticas ao estilo de vida da época, ironiza a valorização das aparências e descreve a dolorosa evolução de uma moléstia desconhecida.

Além da pequenez da personalidade, dos sentimentos, das escolhas e ambições do personagem principal, fica claro o descontentamento e tristeza de Ivan, com os cuidados médicos que recebe. Ironicamente, os médicos tratam-no com o mesmo distanciamento e indiferença que o personagem lidava com seus casos no tribunal. Contudo, aqui se registra o exemplo de algo cada vez mais presente no cotidiano da prática médica brasileira: pacientes queixando-se da falta de habilidade e de valorização no contato interpessoal.

Não se sentindo acolhido e sem confiar em seus médicos, o paciente se torna avesso às estratégias terapêuticas propostas e passa a alternar estados de dúvida e tristeza. Tolstói ilustra tudo com a simplicidade de um gênio, e Ivan entrega-se ao medo.

A tecnologia nos forneceu novos meios diagnósticos, inovações terapêuticas e aumentou a lista de conteúdos que o médico deve conhecer. Contudo, a capacidade técnica não é o único pré-requisito para se tornar médico. Prima facie, de mãos dadas caminham: Ética, Disciplina, Técnica e Empatia.

Quantos capítulos irão compor nossa história? Quando e como encerraremos a trajetória que agora trilhamos? Qual será nosso legado ao partirmos? São perguntas que rondam nosso imaginário desde tempos imemoriáveis. As respostas são únicas e subjetivas. Como profissional, acredito que – como eu – você não tenha escolhido Medicina para poder ser substituído por uma máquina que relata hipóteses diagnósticas ou calcula a probabilidade de morte a partir de sintomas. Também sou médico para acolher meus pacientes, para fazer com que eles se sintam mais seguros, para ser mais humano a cada semelhante que eu tocar. E isso nenhuma máquina jamais fará. Se a vida de Ivan Ilitch foi em vão, não deixemos que sua morte também o seja.

(*) Considera o fim; latim.

* Residência em Cirurgia Geral pelo Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo; Residência em Videolaparoscopia pela Universidade de Santo Amaro/Hospital Geral do Grajaú (Unisa/HGG); MBA Executivo em Saúde pela Fundação Getúlio Vargas (FGV); e delegado do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), na Delegacia da Vila Mariana


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