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ENTREVISTA
Guido Cerri: novo diretor da Faculdade de Medicina da USP


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Edição 183 - 11/2002

ENTREVISTA

Guido Cerri: novo diretor da Faculdade de Medicina da USP


Modernização tecnológica com visão humanista

Nas últimas eleições para diretor da Faculdade de Medicina da USP – FMUSP, em outubro, Giovanni Guido Cerri, nascido em Milão, Itália, conquistou a confiança da maio-ria dos professores, funcionários e alunos. Eleito com expressivos 144 dos 190 votos possíveis, diz que não atuará sozinho: representa um grupo de professores que pretende empreender renovações tecnológicas e sociais na instituição, sobretudo como presidente do Conselho Deliberativo do Hospital das Clínicas, priori-zando, ao mesmo tempo, os aspectos éticos e humanos da profissão. Especialista em Radiologia e livre docente com vários livros e artigos publicados, falou ao Jornal do Cremesp sobre os rumos que deve tomar o ensino na faculdade, levantou problemas e soluções para o Hospital das Clínicas, entre outros assuntos.


Jornal do Cremesp: Quais serão as suas prioridades e como elas serão efetivadas?
Giovanni Cerri: Nós destacamos algumas prioridades: a primeira é o programa de graduação da Faculdade de Medicina. Temos excelentes alunos, que vêm de um vestibular muito concorrido, com potencial muito alto e temos muitos bons professores, mas sofremos uma crise de desmotivação que está muito relacionada com a infra-estrutura. Nós continuamos ensinando, ainda, dentro de modelos que são muito conservadores, e a idéia é incorporar à casa uma estrutura moderna para o ensino de graduação. Vamos criar anfiteatros informatizados, laboratórios de habilidades, fazer com que os alunos possam aprender a fazer exame físico de doentes em laboratórios e não no paciente.

Esse aspecto é muito importante, e está relacionado às ações do Cremesp: nós pretendemos dar ao aluno uma visão mais humanista e, nessa visão, o respeito ao doente é fundamental. O aluno deve examiná-lo quando já tiver condições para isso. Outra prioridade é a modernização tecnológica do complexo do Hospital das Clínicas, que teve o espaço praticamente todo renovado, mas agora precisa de investimentos em tecnologia, para que seja realmente um hospital de vanguarda. A terceira prioridade é a criação de um Instituto de Pesquisa da Faculdade de Medicina, a partir da estrutura dos laboratórios de investigação médica. Com isso, vamos consolidar a carreira dos pesquisadores na faculdade e evitar a perda deles, porque muitos acabam saindo por falta de uma política de carreira.

A quarta prioridade é a criação de um núcleo de cultura e ensino continuado na unidade Pacaembu, a antiga sede da Febem. O prédio será reativado, expondo uma face que queremos expandir muito durante esta gestão, que é da Faculdade de Medicina em ações de cultura e ensino continuado na área de saúde, aproximando-a mais da sociedade, que já tem uma grande relação no aspecto assistencial com o Hospital da Clínicas.

JC: E tem um papel fundamental nesse caso as Fundações Zerbini e Faculdade de Medicina...
Cerri: Sem dúvida, as Fundações contribuem com recursos para a diretoria da Faculdade de Medicina. Esses recursos têm como prioridade justamente o ensino de graduação. As Fundações ajudam a financiar os programas da diretoria.

JC: O senhor disse que o Hospital das Clínicas tem condições de atender mais pessoas pelo SUS do que atende hoje. Como fazer isso?
Cerri: O HC, como muitos hospitais universitários, poderia e tem capacidade de atender mais doentes. Mas hoje estabeleceu-se o teto do SUS, ou seja, acima de um certo número de atendimentos não se recebe mais. É muito difícil para um hospital-escola e de complexidade terciária como é o nosso, poder atender a população sem ter uma remuneração. Nós recebemos recursos do Tesouro e dos atendimentos do SUS, e esta composição de recursos é o que permite uma viabilidade. Mas, se a partir de um certo momento nós não recebermos mais os recursos do SUS, teremos que limitar nosso atendimento. O governo deveria estabelecer algumas fontes de pagamentos específicas para hospitais universitários, para que pudessem atender de forma mais ampla a população, já que geralmente têm um corpo clínico diferenciado, uma estrutura diferenciada e poderiam atender mais pessoas do que de fato atendem.

JC: Qual a sua opinião sobre a fila dupla do SUS, no HC inclusive?
Cerri: A dupla porta, o atendimento de pacientes de convênio, foi criada (no HC) para abrir uma outra fonte de recursos para o hospital. Recursos esses que são investidos no próprio hospital e que propiciam melhor atendimento à população do SUS. O Incor já faz isso há muito tempo. A maior parte de sua renda provém do atendimento a pacientes conveniados. Isso conseguiu provê-lo de tecnologia avançada e a gente sabe que os recursos do Estado são limitados.

As instituições têm a obrigação de buscar outros recursos; como na própria pesquisa se buscam financiamentos externos de instituições de fomento. Daí criou-se um certo constrangimento, porque a fila do paciente de convênio anda mais rápido, porque o número de pacientes é menor. Mas é uma fonte de recursos importante para o hospital. Se não houvesse o teto SUS, esta fonte de renda, principalmente quando eu falo de HC, já não seria muito relevante. O grande objetivo do Hospital das Clínicas é atender mais a população carente.

JC: Mesmo com a opinião contrária das entidades médicas, novos cursos de medicina estão sendo abertos ou em via de o serem. Como o sr. vê essa situação?
Cerri: O número de médicos formados no país já excede a necessidade e a demanda. A questão é mais de distribuição, de criar atrativos para que os médicos possam ir para os lugares onde haja falta, do que ficar abrindo escola de medicina, inclusive, em lugares que já têm escolas e médicos demais. Também se cria escola de medicina sem hospital-escola, o que não é bom. Só se deveria permitir a abertura de escolas médicas que tivessem hospital universitário organizado, adequado, que houvesse uma fiscalização, para ver se cobriria a maior parte das especialidades e que também tivesse condições de fornecer residência para pelo menos 70% dos alunos.

E é uma ilusão ficar abrindo escola quando se sabe que não vai ter mercado de trabalho para esses profissionais. Passa a ser apenas uma fonte de lucro para empresá-rios da educação e não presta nenhum serviço para a população, porque não existe procura por esse tipo de profissional e, pior, por falta de infra-estrutura, as escolas médicas não formam bons médicos. Depois o Estado vai ter que entrar para suprir a formação, residência médica etc. As escolas médicas só estão interessadas em cobrar anuidade durante esses seis anos de curso; depois, se descomprometem com a formação do médico.

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