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PONTO DE PARTIDA (Pág. 1)
Mauro Gomes Aranha de Lima


ENTREVISTA (Pág. 4 a 9)
Maria Elizete Kunkel


CRONICA (Pág. 10 e 11)
Tati Bernardi*


SINTONIA (Pág. 12 a 15)
Literatura & Medicina


DEBATE (Pág. 16 a 22)
Diretivas Antecipadas de Vontade


LIVRO DE CABECEIRA (Pág. 23)
Caio Rosenthal*


EM FOCO (Pág. 24 a 27)
Rodolpho Telarolli Junior*


HISTÓRIA DA MEDICINA - (Pág. 28 a 31)
Edgard Roquette-Pinto


GIRAMUNDO (Pág. 32 e 33)
Avanços da ciência


PONTO COM - (Pág. 34 e 35)
Mundo digital & tecnologia científica


HOBBY (Pág. 36 a 39)
Médico & Fotógrafo


CULTURA (Pág. 40 a 43)
Cultura maia


TURISMO (Pág. 44 a 47)
Uma viagem à capital tcheca


FOTOPOESIA (Pág. 48)
Guilherme de Almeida


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Edição 75 - Abril/Maio/Junho de 2016

HISTÓRIA DA MEDICINA - (Pág. 28 a 31)

Edgard Roquette-Pinto

 

Médico especialista em fazer a diferença

O humanista Roquette-Pinto, “Pai do Rádio”, sempre lutou para
 
que todos tivessem acesso à educação


Dono de uma visão de mundo única, o médico, antropólogo e educador Edgard Roquette-Pinto, nascido no Rio de Janeiro, em 25 de setembro de 1884, tornou-se um dos pioneiros no País a pensar na inclusão social e difusão da educação. Ele buscava construir uma nova identidade nacional, por meio das ondas do rádio, instrumento que considerava ter um papel educativo. Em 1944, a Rádio Nacional concedeu-lhe o título de “Pai do Rádio”, mas foi no exercício da Medicina que ele começou sua jornada altruísta.

Em 1905, Roquette-Pinto se formou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Sua tese de doutorado foi baseada na Etnografia americana, o exercício da Medicina entre os índios da América. Logo depois, começou a trabalhar como perito do Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro, mesmo período em que exercia sua outra paixão: organizar o acervo antropológico do Museu Nacional do Rio de Janeiro, criando a primeira filmoteca da instituição.

Para ter um maior contato com a população indígena, ele participou, em 1912, da 4ª Comissão Rondon, na Serra do Norte, entre os atuais Estados de Mato Grosso e Rondônia. A missão da expedição era levar o telégrafo para a Amazônia e trazer os primeiros diálogos com tribos indígenas até então desconhecidas. Com uma câmera cinematográfica, o médico e antropólogo fez mais do que isso: registrou dados sobre a cultura dos povos da região, além de informações sobre a fauna e flora locais, realizando o primeiro documentário etnográfico brasileiro. Com os dados que coletou na expedição, publicou também o livro Rondônia (1917). Nos anos seguintes, ele viria a lecionar na faculdade em que se graduou e na Universidade do Paraguai, em Assunção.

 


Centenário da Independência

 

Outro livro do médico – o Dicionário histórico, geográfico e etnológico brasileiro – foi lançado em 7 de setembro de 1922, mesmo dia em que aconteceu a primeira transmissão radiofônica no Brasil, que mudaria ainda mais a vida de Roquette-Pinto. O evento fez parte da Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil, que acontecia por aqueles dias, no Rio de Janeiro. O Teatro Municipal carioca foi o palco da primeira demonstração da mágica do rádio. As vantagens da nova tecnologia foram anunciadas na voz do então presidente Epitácio Pessoa, seguido pelo som da ópera O Guarani, do compositor Carlos Gomes. Alguns fabricantes de equipamentos de radiodifusão norte-americanos colocaram alto-falantes pelas cidades, mas, nesse primeiro momento, não houve grande interesse da população. Roquette-Pinto acreditava que isso era devido às interferências no som causadas pela exposição ao barulho das ruas.

Entusiasmado com a nova tecnologia, em abril do ano seguinte, 1923, o médico fundou, juntamente com colegas da Academia Brasileira de Ciências, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Sua primeira transmissão radiofônica ocorreu em 7 de setembro do mesmo ano. Com prefixo PRA-A, a rádio passou a fazer transmissões regulares, de algumas horas por dia, usando a antena do laboratório de Física da Escola Politécnica, segundo informações da neta do médico, Vera Regina Roquette-Pinto, formada em Rádio e TV pela Escola de Comunicação e Artes da USP.

Logo o médico percebeu que o rádio era uma ferramenta importante para democratizar o ensino e a educação, em decorrência de seu potencial para atingir toda a população, inclusive as pessoas com menor condição financeira. “O rádio é a escola dos que não têm escola. É o jornal de quem não sabe ler; é o mestre de quem não pode ir à escola; é o divertimento gratuito do pobre; é o animador de novas esperanças; o consolador dos enfermos e o guia dos sãos – desde que o realizem com espírito altruísta e elevado”, dizia ele.

Nesse meio tempo, como homem de múltiplas atividades assumiu, em 1926, a direção do Museu Nacional, e, em 1928, foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras.



Roquette-Pinto durante viagem a Rondônia, quando realizou o primeiro documentário etmográfico brasileiro (primeira imagem).
Também escreveu um livro sobre a experiência com os índios locais (acima)

 


Cinema e televisão

 

Nos primeiros anos da década de 30, muitas rádios mudaram de perfil ao passar a veicular propagandas nas programações, adotando uma tática comercial. Roquette-Pinto percebeu que, para manter as ideias originais de seu trabalho, a missão de educar pelas ondas do rádio, precisava ser entregue ao poder público. Doou, então, sua rádio para o governo federal, solicitando que seu conteúdo continuasse pautado na educação. Surgiu, assim, a Rádio Ministério da Educação e Cultura (MEC) – atualmente Rádio Música, Educação e Cultura, na qual o médico continuou trabalhando como diretor até 1943.

Sempre visionário, ele adotou também, nesse período, uma nova missão, a de complementar o conteúdo ministrado nas aulas com material cinematográfico. Roquette-Pinto percebia que não se aprende apenas em sala de aula, mas também fora dela, por meio dos diversos meios de comunicação. Como também era fundador do Instituto Nacional do Cinema Educativo, em 1936, convidou para trabalhar nele o mais importante cineasta brasileiro daquela época, Humberto Mauro, que filmou, no INCE, cerca de 300 documentários em curta-metragem, com conteúdo científico, histórico e de poética popular. Quase todos eles com a orientação do médico, que narrou muitos dos trabalhos. Além de todas essas atividades, ele foi nomeado vice-presidente do Conselho Nacional de Educação do Índio, em 1939.

Como não poderia deixar de ser, graças ao seu entusiasmo por novas tecnologias, com o advento da televisão, cuja estreia no Brasil ocorreu em meados de 1950, Roquette-Pinto, imediatamente, passou a lutar pela concessão de um canal de televisão educativo. Em 1952, Getúlio Vargas concedeu-lhe o Canal 2. Ele montou uma equipe para trabalhar no canal, mas, por um dos desmandos políticos da época, o processo foi interrompido.

Vítima de um derrame, no dia 18 de outubro de 1954, o médico morreu enquanto escrevia um artigo para o Jornal do Brasil. “Jamais se deve agir sem crer. E, uma vez crendo, nunca deixar de agir”, com esse lema, Edgard Roquette-Pinto enfrentou todas as dificuldades que surgiram no seu caminho, acreditando sempre no Brasil e na Educação.

 

Mais informações sobre Roquette-Pinto podem ser encontradas no documentário http://tvescola.mec.gov.br/tve/video/educadores-roquette-pinto

 


Correspondência com Mário de Andrade revela modernidade

 

“Roquette foi uma espécie de pré-modernista. Rondônia - livro de 1916, sobre o trabalho de campo feito com índios por ele - teve forte influência sobre Mário e toda a geração modernista”. A afirmação é do neto do fundador do rádio no Brasil, o jornalista Cláudio Roquette-Pinto, 63, ao jornal Folha de S. Paulo, que publicou matéria em abril deste ano sobre a correspondência entre o médico e o escritor Mário de Andrade, um dos expoentes do movimento modernista, que teve um de seus grandes momentos durante a Semana de Arte Moderna, realizada em 1922, em São Paulo.

Os originais das cartas enviadas por Mário a Roquette, entre 1928 e 1943, estão sob a guarda da Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio de Janeiro. Porém, apenas os dois primeiros anos foram catalogados. O restante está arquivado e não há previsão de quando o trabalho poderá ser feito, diz o artigo da Folha. Já as cartas que o escritor modernista recebeu de Roquette estão no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP. Os documentos já foram catalogados e serviram de base para estudos sobre o escritor, mas, como na ABL, só podem ser consultados com autorização de familiares do médico.

Nas cartas, os dois falavam de índios, músicas folclóricas e etnografia. “Em 1928, Mário de Andrade enviou a Roquette, junto com uma correspondência, um exemplar da primeira edição de seu livro Macunaíma, cujo protagonista tem características indígenas. Em outra, dois meses depois, pede ao antropólogo (Roquette-Pinto) que dê sua opinião sobre a obra. Diz que o trabalho de Roquette com os índios influenciou a criação do romance”, informa a matéria da Folha.

 

(Colaborou: Rodrigo Carani)

 


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